SÃO PAULO – Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É coisa de preto”. Essas declarações foram feitas pelo apresentador William Waack em vídeo publicado no Twitter nesta quarta-feira pelo perfil do jornalista e escritor Jorge Tadeu. As frases foram ditas há exatamente 1 ano, em 8 de novembro do ano passado, durante a cobertura da vitória presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos. O jornalista está ao lado de Paulo Sotero, diretor do Wilson Center, em Washington (DC). O vídeo viralizou e em poucas horas todos já haviam uma opinião sobre o assunto, a internet inteira se voltou contra a atitude do jornalista, mas e quando aquele amigo faz uma piada racista na mesa do bar e você acha normal? Na faculdade quando você escuta um amigo fazendo brincadeiras racistas e acha natural? Pequenas ações que nos tornam tão racistas quanto quem está cometendo o ato. Não pode ser considerado brincadeira a relativização de um assunto que mata pessoas todos os dias no Brasil. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado segundo CPI que toma por base os números do Mapa da Violência, realizado desde 1998 pelo sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. O último Mapa é de 2014 e contabiliza os homicídios de 2012: cerca de 30 mil jovens de 15 a 29 anos são assassinados por ano no Brasil, e 77% são negros (soma de pretos e pardos). Racismo não é brincadeira, é estatística de assassinato, de mortes, de dores, de perdas e por esse motivo não pode ser encarado como brincadeira comum. Qualquer tipo de ação ou até mesmo a falta dela que compactue de alguma forma com o racismo, leva em si um pouco do sangue das pessoas que por causa da intolerância racial são assassinadas no Brasil.