“Manaus mudou. Está mais moderna e dinâmica pra mudar também a vida dos manauaras. No ano passado, obras de infraestrutura ocuparam a cidade, garantindo mais fluidez para o trânsito. Nos bairros, novos caminhos foram criados, com a revitalização de mais de 9 mil ruas, que estão mais limpas, mais verdes e com nova iluminação. Agora, Manaus anda mais rápido, e com mais confiança no futuro”. O texto é de uma publicidade da Prefeitura de Manaus veiculada no início deste ano/mês na televisão, e mostra-se totalmente falsa. Pena que para a administração pública não se apliquem as regras impostas às empresas em relação à propaganda enganosa.
Dizer que “Manaus anda mais rápido” é, no mínimo, zombar da cara do contribuinte, do cidadão que fica horas (e cada dia aumenta mais o tempo) preso nos engarrafamentos, tanto nos carros quanto nos ônibus. Além da passagem de nível da entrada do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na Torquato Tapajós, batizada de “Complexo Viário 28 de Março”, a administração do prefeito Arthur Virgílio Neto nada mais fez. Para não ser injusto, reconheçamos os serviços de recapeamento das vias principais e os serviços de tapa-buracos, que não são suficientes para reverter a situação de caos nas ruas dos bairros.
Obras de mobilidade urbana, como diz a propaganda, nenhuma sequer foi iniciada nos dois primeiros anos de gestão. A reforma dos abrigos de ônibus do antigo Expresso, que a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTS) denominou de Sistema BRS, não mudou em absolutamente nada a situação do transporte coletivo. A faixa exclusiva na Avenida Constantino Nery à esquerda da pista, sem retirar os ônibus da faixa direita, transformou o trânsito naquela via num pandemônio nos horários de pico.
A administração de Arthur Virgílio Neto não tem um só projeto de longo prazo, que vislumbre a Manaus do futuro. No primeiro ano de governo, o prefeito andou de pires na mão, tentando conseguir recursos do governo federal no grito, no gogó, sem qualquer projeto para a cidade. Conseguiu apenas uma “merreca” para obras de recuperação do Centro Histórico, que ainda não saíram do papel. Como não conseguiu nada no primeiro ano, embarcou na locomotiva da eleição para eleger o filho deputado e, depois, tentar eleger Aécio Neves presidente da República, e passou a reclamar nominalmente da presidente Dilma Rousseff, acusando-a de não mandar dinheiro para a cidade de Manaus. O Ministério das Cidades veio aqui para dizer que nenhum projeto fora apresentado naquela pasta pela gestão de Arthur, e ninguém contestou a informação.
Manaus é uma cidade estagnada. Não há qualquer perspectiva de progresso com a atual administração, caracterizada por muita língua e pouca massa cinzenta. Arthur não é pior do que seus antecessores, nem melhor. Repete a mesma “metodologia”. Com mais de R$ 4,5 bilhões de orçamento e com o dobro de empréstimos de institutos internacionais, consegue fazer menos do que alguns prefeitos que o antecederam, com orçamentos raquíticos, comparados ao atual (O orçamento de 2009 foi de R$ 2,1 bilhões)
É por isso que Arthur não abre mão de jogar uma bagatela de mais de R$ 70 milhões em publicidade. Manaus não anda bem, está com a saúde debilitada, mas na propaganda, ela é a mais bela das cidades da Modernidade.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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