Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – A gota d’água para a demissão da ex-deputada Rebecca Garcia da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) foi a votação de uma questão de ordem na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado na manhã de terça-feira, 23. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pedia que o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator da Reforma Trabalhista, não fosse lido naquele momento, em que se encerrava uma audiência pública para discutir a reforma proposta pelo governo de Michel Temer.
O presidente da CAE, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), levou a questão de ordem à votação. Dos cinco senadores do PMDB, dois votaram contra a leitura do relatório: Eduardo Braga (PMDB-AM) e Kátia Abreu (PMDB-TO). O placar favorável ao governo foi apertado: 13 votos a 11.
Se o governo venceu a disputa, porque o voto de Braga desagradaria tanto o governo? A resposta não é simples. Ao defender a suspensão da leitura do relatório, Randolfe foi duro. “O que eu chamo à tomada de consciência dos senhores governistas é que não tem nenhuma agenda que possa ser tocada com este governo. E, senhores, senhoras, percebam: dar a esta comissão a a este Senado o ar de normalidade, não é a favor do Brasil, não, é contra o Brasil. É só para sustentar o corrupto que tá na Presidência da República. O corrupto pego com a boca na botija”.
Outro que se manifestou sobre o assunto foi o senador Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado. Ele disse que não votaria, mas se votasse na comissão votaria “sim”, ou seja, votaria a favor da suspensão da leitura do relatório. O “sim” recebeu 11 votos, sendo dois do PMDB.
Depois da votação, Michel Temer foi informado sobre os votos de Eduardo Braga e Kátia Abreu e da manifestação de Renan Calheiros. À tarde, o decreto de Temer com a exoneração de Rebecca Garcia foi enviado para publicação no Diário Oficial da União.
Nesta quarta-feira, como noticiado no ATUAL, Renan, Braga e Kátia Abreu ficaram de fora, não foram convidados para uma reunião de senadores do PMDB com o presidente Michel Temer.