MANAUS – O voto do deputado federal Alfredo Nascimento (PR) a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), no último domingo, contrariando orientação da executiva nacional do partido ao qual ele é filiado, já começa a gerar frutos no Amazonas. Nesta terça-feira, 19, foram exonerados o superintendente do DNIT-AM/RR (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Fábio José Fábio Porto Galvão, e o coordenador-geral da Ahimoc (Administração das Hidroviária da Amazônia Ocidental), vinculada ao órgão, Wilson Wolter Filho. Devem assumir os cargos Carlos Eduardo Gomes e Luciano Moreira Pires, respectivamente, ambos funcionários de carreira.
Galvão e Wolter foram indicados por Alfredo para exercerem os cargos no órgão federal ao final de sua gestão à frente do Ministério dos Transportes, no primeiro mandato da presidente Dilma. As portarias assinadas pelo atual ministro da pasta, Antônio Carlos Rodrigues, que hoje responde pela Secretaria-Geral do PR, foram publicadas no Diário Oficial da União.
Na mesma portaria, o ministro exonera também Andrezza Katherine Barros do cargo em comissão da inventariança da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. – RFFSA, em caráter de transitoriedade e Ismael da Silva Santos, superintendente regional do Dnit de Sergipe.
Fábio Galvão sucedeu Afonso Lins, em 2013, que por sua vez assumiu o cargo após a saída de Auxiliadora Carvalho, todos indicados por Alfredo Nascimento, enquanto ministro dos Transportes, que mesmo após deixar a pasta, conseguiu manter seus indicados no Departamento, já que figurava entre os aliados da presidente Dilma.
No último domingo, Nascimento abriu mão da presidência nacional do PR, para votar a favor da admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, fazendo coro com os demais parlamentares amazonenses na Câmara dos Deputados. A decisão fez com que o Amazonas fosse o primeiro estado da Federação a contabilizar 100% dos votos a favor do processo, que segue para o Senado para apreciação.
Processo natural
Segundo o deputado federal Alfredo Nascimento, as exonerações ocorreram de forma natural e significam algo pequeno diante dos interesses do País. Ele explicou que o engenheiro Fábio Galvão é funcionário de carreira do Dnit e, portanto, já estava lá quando ele assumiu o Ministério dos Transportes. Wolter, por sua vez, entrou após a nomeação do engenheiro para o cargo de superintendente.
“Não estou preocupado com isso e não acho que me atrapalhará em nada. Tenho consciência que meu voto foi fundamental para que o impeachment acontecesse. Talvez por isso tenham mandado (os indicados por ele) embora, achando que iam me prejudicar e na verdade não vão. O impeachment aconteceu com 26 votos de maioria, dos quais 25 foram do PR. Se tivéssemos seguido (a orientação do PR), o impeachment não passava (pela Câmara)”, explicou.
Após renunciar à direção nacional da legenda, Alfredo afirma que continua presidente estadual do PR no Amazonas e diz que já foi procurado por vários “companheiros” para voltar. “As pessoas não acreditam mais que o político possa abrir mão do poder. A sociedade não acredita mais em nós, políticos”, afirmou, justificando que seu voto foi isento e sem interferências partidárias.
Além de Galvão e Wolter, Alfredo informou que o PR tem um cargo na Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), indicado a pedido do Governo Federal. Ele não soube informar o nome, mas disse que se trata de um funcionário de carreira nomeado para função na autarquia. Questionado se chegou a pleitear cargos no Governo Federal antes do voto, ele afirmou que não e que não tinha interesse em assumir qualquer função no governo atual. Alfredo também garantiu que seu voto a favor da saída da presidente não foi por vingança e que foi uma coisa “de momento”.