MANAUS – A Escola Municipal Waldir Garcia, no bairro São Geraldo, zona centro-sul de Manaus, tema de reportagem do Amazonas ATUAL no mês passado por conta da ameaça de ser extinta, recebeu nesta quarta-feira a visita do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. Na ocasião, o prefeito usou a escola como modelo para dizer que até o final do governo dele na prefeitura “Manaus entrará na linha de frente da educação, ficando entre as 10 e, quem sabe, eté entre as cinco melhores colocações do Ideb (o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)”.
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A visita do prefeito, no entanto, ignora uma realizada bem diferente da que é apresentada nas imagens divulgadas pela Secretaria de Comunicação (Semcom). No dia 12 deste mês, representantes da Secretaria Municipal de Educação (Semed), da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e do Governo do Amazonas foram convocados para uma audiência no Ministério Público Federal, em inquérito civil instaurado pelo procurador Rafael da Silva Rocha, para apurar denúncias de professores, pais e alunos da escola Waldir Garcia.
A escola está sofrendo os impactos ambientais de uma obra do Programa de Revitalização dos Igarapés de Manaus (Prosamim), inclusive com ameaça de retirada da escola do local. Na audiência pública, uma advogada da Semed que se identificou como Antônia, defendeu a remoção de alunos para outras escolas e a derrubada do prédio, mas a proposta enfrenta resistência da direção da escola, dos pais de alunos e da comunidade.
Na audiência, a empresa responsável pela obra comprometeu-se a desobstruir os bueiros da escola, que foram obstruídos com o aterro feito pela construtura Etam. As chuvas desse período tem alagado áreas de uso comum, como a quadra de esportes e um espaço de atividades lúdicas, no terreno da escola. O muro do lado esquerdo do prédio ameaça desabar depois do aterro e da trepidação das máquinas.
A visita do prefeito ocorreu depois da audiência, a convite do secretário de Educação, Humberto Michiles.
Escola modelo
A Escola Municipal Waldir Garcia foi escolhida para o “lançamento” da promessa de Arthur de melhoria da qualidade da educação municipal pelo desempenho alcançado no último Ideb. A escola saltou da nota 4,4 no ano anterior para 5,8 este ano. O salto é atribuído, principalmente, ao esforço do corpo docente. No mês passado, quando o ATUAL visitou a escola, a reclamação era de que a escola não recebia a devida atenção da Semed.
A nota do Ideb era um forte argumento da direção da escola para chamar a atenção da Semed para o problema que vinha enfrentando em função da obra do governo do Estado. Na ocasião, a diretora Lúcia Cristina Cortez, chegou a dizer que não recebia resposta das solicitações encaminhadas à secretaria em relação ao futuro da escola.
Desde que a obra foi iniciada, em 2013, a escola perdeu um terço dos alunos. O número de matriculados caiu de 617 para 220 este ano. A maior parte saiu da comunidade, porque as famílias foram retiradas para a obra.
O procurador Rafael da Silva Rocha marcou para o próximo dia 2 de dezembro uma nova audiência no Auditório do Ministério Público Federal, às 16h.
Abaixo, imagens da escola depois da chuva do dia 13 deste mês.