As imagens dos carrões de luxo sendo apreendidos na casa do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello ganharam todos os noticiários desta terça-feira. A Casa da Dinda, famosa por abrigar sessões de descarrego e um certo Fiat Elba, que virou símbolo da corrupção instalada em Brasília nos anos noventa e que culminou com o impeachment do presidente, está de volta.
Agora, envolvido em um escândalo de proporções muito maiores do que o caso PC Farias, a figura do Fernando Collor, revoltado com a ação da Polícia Federal que classificou como invasiva, é um estorvo para a sociedade brasileira. Sua presença no Senado demonstra que – passados mais de vinte anos – não conseguimos extrair da vida pública a corrupção e todos os vícios que a acompanham. O fantasma que ressurge do armário da nossa inconsciência política volta a nos assombrar.
Recentemente, em Brasília, conversei com a ex-senadora Heloisa Helena, pessoa comprometida com valores éticos, morais e com o combate implacável aos corruptos. Mas ao mesmo tempo, amável, humilde, de fala carinhosa e fraterna. Cidadã que se recusa a possui plano de saúde privado, que luta por saúde pública digna e de qualidade para todos. São muitas as suas bandeiras, todas justas e dignas. Fernando Collor e Heloisa Helena possuem apenas uma coisa em comum: ambos são de Alagoas. Heloisa Helena perdeu as últimas eleições para Fernando Collor.
Assim, a sobrevivência política de figuras como Collor, Sarney, Renan e Jader Barbalho, dentre outros políticos envolvidos em corrupção, denuncia a nossa incapacidade de melhorar o cenário político. Os jornais estão repletos de escândalos novos protagonizados por políticos velhos conhecidos dos eleitores. No Amazonas não é diferente, figuras velhas travestidas de discursos novos tentam enganar o povo. A sociedade não se vê mais representada por essas oligarquias políticas. É preciso inventar novas formas de representação, novas linguagens e novas posturas.
É preciso buscar novas formas e novas dinâmicas sociais fora das estruturas partidárias tradicionais. O movimento por uma nova representação política – que nega privilégios, combate a corrupção, exige melhores serviços públicos e defende a ampliação dos espaços de debate e a redemocratização da política está em andamento. Há resultados positivos em diversos países, mas é na Espanha que o Podemos, partido que nasceu das mobilizações de rua e movimentos sociais, chega ao poder com a responsabilidade de mostrar algo novo e transformador. Nós também podemos, basta que cada um queira renovar o ambiente político.