A agenda precisa evoluir do proteger a Amazônia para desenvolver a Amazônia. Por qual razão? Porque isso nos interessa. Só para quem mora aqui? Certamente interessa para quem mora aqui e para toda a humanidade, porque daqui podem sair fármacos maravilhosos. Então, por que não se faz isso? Porque as pessoas da região ainda não decidiram se desenvolver.
Em minha visão: pensamento ruim, falta de necessidade e baixa prioridade têm sido as causas seculares que nos têm afastado da vocação de natureza rica e sociedade rica. Alguém nos contou que era melhor manter a floresta preservada, o que é verdade, mas é uma verdade parcial. É melhor manter a floresta preservada, mas também é melhor gerar riqueza a partir da floresta. Precisamos transcender a meia verdade e partir para a verdade absoluta.
Fazer isso não será fácil. Se fosse fácil, todos os rincões do mundo seriam desenvolvidos e ricos. Eu gostaria de ser rico, mas não tenho nada contra quem é rico por seus méritos, sua competência e realizações empreendedoras lícitas. Também não tenho nada contra quem quer ser pobre por vocação ou por conveniência. Cada ser humano pode ser o que quiser. Todavia, não posso ser obrigado a ser pobre porque meia dúzia de gringos acham que não devemos explorar a Amazônia. Nem brasileiros eles são.
No final de agosto, acontecerá o amas – Amazonian Management Symposium. O nome em inglês começa assustando, por dar a impressão de ser algo de mais um gringo querendo definir como nada fazer na região. Entretanto, quem organiza é a USP, a principal Universidade do país e a UEA, a universidade estadual do Amazonas. O apoio para o evento vem da Fapeam (órgão de fomento à pesquisa do Amazonas), Fiocruz (um dos principais centros de Ciência & Tecnologia para a saúde no país), do CNPq e da Capes. Isso muda tudo. Todos têm a legítima possibilidade de direcionar a gestão da região e a junção destes pode ser uma das melhores oportunidades para os próximos passos no sentido do desenvolvimento responsável.
O primeiro dia será para lançar sementes para o futuro, com conceituações e visitas. O segundo dia terá um Painel sobre Ciência, Tecnologia & Inovação e outro sobre Sustentabilidade, Biodiversidade e Clima. Ao longo do segundo dia também serão presentados artigos científicos e negócios com uso dos recursos da região.
O último dia trará um Painel sobre Governança, Políticas Públicas e Incentivos, seguido de debates que tem um potencial precioso, como o de estabelecer o papel das ONGs nas políticas da região, seguido da apresentação de artigos científicos. Fica a torcida que os caminhos e prioridades de ações saiam do evento, porque precisamos também da Amazônia para criar uma esperança de desenvolvimento do país, que está mergulhado em um momento de profundo desânimo.
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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