Durante os anos de 1970, a televisão brasileira tinha um programa de auditório apresentado pelo Flávio Cavalcante: “Um instante, maestro!”
Era um artista que conhecia muito da música popular brasileira, mas muito longe de ser um maestro, ou de fazer qualquer bom maestro da época parar por um instante. Lírio Panicali, Erlon Chaves, Karabitchevski ou o espetacular Radamés Gnattali, se ouvissem alguma coisa como o bordão do Flávio, o matariam ou morreriam de ódio.
Os maestros que me perdoem, mas aquele que dirige a Seleção Canarinho, há dois jogos, ainda não pode ser considerado um maestro do futebol brasileiro. Adoramos o treinador Tite, em uma única semana, não querer inventar como seus conterrâneos gaúchos. O Daniel Alves apenas jogou e fez as jogadas que vemos todas as semanas serem usadas pelo ala do Barcelona. O William, sacrificado, apenas permanece na direita, segurando qualquer jogada dos andinos nas nossas costas. O craque Marcelo fez e repetiu as dezenas de jogadas que faz há dez anos como titular do Real Madri, um dos melhores times do mundo de todos os tempos. Ser titular do Real Madri por uma década é coisa para Di Sthephano, Puskas e outros anjos. O Casemiro, dono do jogo em Manaus, não deixa ninguém jogar e sai jogando como se o meio do campo fosse só dele. Ele faz o mesmo papel escrito para ele no Real Madri. O Neymar, um craque do nível de Pelé, Garrincha e Nilton Santos, atrai para si a crônica que quer aparecer e os arquibaldos que se sentem driblados. É um Pelé! A chegada de quem sabe escolher seus espaços em campo fez com que ele crescesse, juntamente com o Gabriel Jesus.
A Seleção Canarinho é o lugar em que todo peladeiro e craque brasileiro não precisa estar, basta se sentir nela. Aí começam os nossos problemas. Os indirigentes da CBF, de uns tempos para cá, meteram nas cabecinhas ocas que treinador do Brasil deve chegar do Rio Grande do Sul. Vejamos: Falcão, Dunga, Felipão, Tite, e devo lembrar de outros. Então, vamos às preocupações: Paulinho é uma unanimidade brasileira por não jogar nada. Invenção do Felipão e do Tite. Giuliano, invenção gaúcha do Tite. Saiu do Grêmio e foi para o Zenit. Taison, invenção do Tite que saiu do Brasil de Pelotas para o Internacional de Porto Alegre. Alisson, goleiro do Grêmio que fez um pit stop na seleção para chegar na Roma. Famoso por haver colocado para dentro do gol uma bola que iria para fora. Um metro e noventa e cinco centímetros de ineficiência. Ainda não aprendeu a sair do gol e está sempre a dois centímetros do erro. Faltaram dois centímetros para ele pegar a bola do Marquinho, no gol contra para a Colômbia. Se esticasse a perna, sobrariam cento e vinte centímetros. O gol foi bem abaixo do lugar onde eu estava.
Ainda não estamos classificados. Os andinos estão jogando muita bola. O tempo em que tirávamos Colômbia, Peru, Venezuela e Equador quando queríamos, passou. O bobo no futebol é aquele que acha que os bobos ainda existem. Uma seleção brasileira não pode jogar, ou entrar em campo, com Alisson, Paulinho, Giuliano e Taison, pura invenção do gauchismo.
Lucas Lima no banco e Paulinho se espremendo pelo campo. Alisson jogando e todos os goleiros da Série A se contorcendo da mediocridade do titular. O acreano, goleiro, herói e campeão olímpico Wéveson é muito superior. Onde o Tite colocou o dedo de treinador brasileiro, vimos um ponto fraco do nosso timão. Douglas Costa, William Arão, Philipe Coutinho e outros craques, no alambrado, apreciando Paulinho, Taison, Giuliano e Alisson, no campo.
Vamos aguardar para as palmas ao bem-sucedido Tite dessas duas partidas. Se não inventar, o que é muito difícil a um gaúcho, levará a nossa seleção muito bem até o final das eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol. Na Copa do Mundo, a coisa passa a ser dos profissionais, dos Papa-Copas: os alemães, os italianos e os ingleses. O Pepe Guardiola, espanhol e gênio, é o meu preferido. O Mourinho, apesar do idioma, é muito diferente dos brasileiros e não suportaria uma semana de críticas, de quem ele acha, e tem certeza, que não sabe nada de futebol, apesar das cinco copas. O Jürgen Klinsmann também é uma ótima opção.
Roberto Caminha Filho, economista e nacionalino, não aguenta treinador que quer uma família antes de uma equipe.