Ulisses Tapajós, o secretário de Finanças da Prefeitura de Manaus, e arquiteto do empréstimo de 200 milhões de dólares (cerca de R$ 500 milhões) tinha agendada visita à Câmara Municipal nesta segunda-feira para explicar em que o dinheiro será empregado, mas não compareceu. O líder do prefeito na CMM, vereador Wilker Barreto, que havia assegurado que o “doutor” Ulisses daria explicações aos vereadores antes da votação do projeto de lei, não explicou os motivos da falta do secretário.
O projeto de lei foi aprovado com os protestos dos vereadores de oposição (os três do PT, Waldemir José, Professor Bibiano e Rosi Matos; e Massami Miki, do PSL). Os demais vereadores trataram de aprovar a matéria. A coluna Expressão apurou que havia ordem superiores (leia-se, do Poder Executivo) para usar o rolo compressor e passar por cima das críticas, mas aprovar nesta segunda-feira a proposta do prefeito.
Fabrício Lima, um dos fiéis escudeiros do prefeito Arthur Virgílio Neto, ensaiou uma cobrança, mas foi rapidamente sufocado pela bancada de situação. Ele queria saber porque Ulisses Tapajós não foi dar as explicações de que os vereadores precisavam.
O vereador Plínio Valério (PSDB) chegou a de dizer que tem confiança no prefeito Arthur Neto e por isso sugeriu que a CMM aprovasse logo o empréstimo. Mário Frota, também do PSDB e presidente da Comissão de Constituição e Justiça, disse que os vereadores da comissão analisaram o projeto “com todo o critério jurídico e não foi encontrado nenhum óbice”, motivo pelo qual não haveria porque adiar a aprovação.
O fato concreto é que na justificativa da matéria o prefeito afirma que o dinheiro será usado para pagar dívidas contraídas pelo município de Manaus nas administrações passadas, sem explicar com detalhes que dívidas são essas. Ao dizer que herdou dívidas dos antecessores, Arthur coloca sob suspeição todos os ex-gestores, inclusive seu agora aliado Serafim Corrêa (PSB).
Por isso, as explicações de Ulisses Tapajós eram imprescindíveis. Se não fez aos vereadores, que confiaram em meias palavras, tem o dever moral de prestar esclarecimentos à sociedade. O contribuinte, que vai arcar com o pagamento do empréstimo, tem o dever de saber para onde vai o dinheiro dos impostos que paga. Se não for ele, o próprio prefeito precisa explicar como vai gastar os 200 milhões de dólares.