Primeiramente, meus sinceros pêsames às famílias dos jogadores, comissão técnica, dirigentes da Chapecoense, assim como, jornalistas, tripulantes do voo que levaria a equipe a Medelin, onde iria, hoje, disputar o primeiro dos 2 jogos da final da Copa Sulamericana de Futebol. Que Deus, em sua infinita misericórdia possa lhes confortar.
Difícil especular sobre as causas do acidente, principalmente sem ser especialista no assunto, contudo, pelo que se noticiou até agora cabe algumas reflexões. O avião era da Lamia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación), uma companhia aérea de pequeno porte, com capital venezuelano que, apesar de operar na Bolívia, foi constituída na Venezuela em 2009 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do turismo local, além da prestação de serviço de transporte de passageiros, cargas e correio e passou a operar em 2014 no aeroporto Alberto Carnevali em Mérida na Venezuela. No mesmo ano, licenciou-se para voar na Bolívia como “operador de pequeno porte” e nos últimos dois anos, focou somente em voos fretados para times e seleções de futebol sul-americanos e da própria Bolívia.
A Lamia conta somente, com duas aeronaves (agora só uma, se alguém ainda quiser voar com eles), com 16 ou 17 anos de uso (isso não é muito para um avião, desde que receba manutenção preventiva). Seus aviões eram da British-Aerospace BAE-Avro 146, com capacidade para 90 passageiros e deixaram de ser fabricados desde 2001. Prestou serviços recentemente para times argentinos, como o Independente e o San Lorenzo e a própria seleção argentina, que não poupou críticas nos bastidores sobre as condições do avião. A imprensa argentina divulgou que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) recomendava a Lamia por oferecer os menores preços do mercado. Confesso que isso me dá medo. Você toparia viajar numa espécie de “Black Friday” promocional da Lamia?
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) impediu o avião de voar direto de Guarulhos para Medelin, por força de um acordo de serviços aéreos entre os países, no caso, a Bolívia, país originário da operação da companhia aérea Lamia, o qual não prevê voos desta natureza. Sugeriu que usassem companhias aéreas brasileira ou colombianas para isso. Li e ouvi alguns, especulando, que desconfiam do aumento do percurso como causador de uma “pane seca”, termo usado quando acaba a gasolina do avião. Outros acreditam ter sido uma conjunção de problemas e não um só, enfim… o resultado da tragédia… mais de 75 mortos.
Ouvi um especialista dizer que, para a Lamia, a pior constatação da causa do acidente seria a “pane seca”, pois caso fosse confirmada, não haveria pagamento de seguro pela aeronave nem indenização à família das vítimas. Creio que em algumas semanas saberemos o que causou.
Tudo isso é importante, mas não mais que a tristeza de ver a interrupção abrupta da trajetória do Chapecoense. Em seu melhor momento, sem estrelas, porém com futebol eficiente e eficaz, só restou a saudade. Foi o que senti, ao ver o vídeo comemoração do clube após conquistar a vaga na final…tristeza.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.