MANAUS – A mais antiga torre de observação do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) será aberta para o turismo científico. A estrutura passa por revitalização que deve ser concluída em junho. Além de ampliar pesquisas sobre a biodiversidade da Amazônia, a torre servirá para maior interação com o público. A torre está localizada no quilômetro 14 do ramal ZF-2, próximo ao quilômetro 934 da BR-174 (antigo Km 50).
O ornitólogo Mario Cohn-Haft, pesquisador do Inpa e integrante do projeto Museu na Floresta, disse que a torre ZF2 é crucial para pesquisas e observações. “Essa torre tem uma importância histórica por ser a mais antiga da Amazônia ainda em pé e servindo de inspirações para outras torres. É um equipamento bem construído, de peso e grau de segurança incríveis”, disse.
Construída na década de 70 para mediações meteorológicas, a torre já serviu de base de pesquisa para vários projetos como estudos de fenologia das árvores (comportamento das atividades biológicas para verificar como está a vida da planta), ciclos químicos atmosféricos, estudos climáticos, além da obtenção de dados para teses e trabalhos científicos.
A torre de observação tem 40 metros de altura e a plataforma do topo encontra-se acima da copa das árvores, o que a torna uma das duas torres de Manaus com uma vista de 360 graus dos vários estratos da floresta amazônica de terra firme, possibilitando a observação de pelo menos 250 espécies de aves das 400 já detectadas na região, além de várias espécies de mamíferos, répteis e insetos. A outra torre é a do Museu da Amazônia (Musa), que permite visitação aberta ao público.
No topo da torre da ZF2, há uma torre auxiliar de 10 metros para transmissão de dados captados no meio da selva. A torre foi destino preferido nos últimos anos para a observação e fotografia de aves, para a produção de filmes, matérias jornalísticas e para cursos sobre a floresta amazônica.
Segundo Cohn-Haft, com o passar dos anos, partes da estrutura foram deteriorando. Agora, além da necessidade de reforma, a torre precisa de adaptações para permitir a visitação educativa. “A atividade de observação de aves tem crescido e a torre se tornou destino importante. Para se ter ideia, as primeiras descobertas das aves de copas da Amazônia central vieram dessa torre ainda nos anos 80”, disse o especialista em aves.
Apesar de apresentar sinais de desgastes com alguns pontos de corrosão pelas intempéries do clima tropical, a torre encontra-se conservada. Na avaliação de engenheiros que executam a obra, não há construção igual a essa, que é considerada uma relíquia da ciência no Brasil. Para os especialistas, a construção de outra torre no mesmo porte e com ferro na mesma espessura seria cara.
Museu
O Projeto Museu na Floresta é uma parceria do Inpa com a Universidade de Kyoto (Japão), iniciada em 2015 com vigência até 2019, sob o patrocínio da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). Tem por finalidade a conservação da biodiversidade na Amazônia com base em um novo conceito de museu.
A secretária-executiva do projeto, Estefani Fujita, explica que o Museu na Floresta foge do conceito tradicional. “Oferece não só uma narrativa de como podemos viver em harmonia com a floresta, mas também mostra na prática, por meio de vivências, como isso é possível”, diz.
Segundo Fujita, o Museu não é um local específico e está localizada em vários pontos. É uma rede de estruturas e instituições formada para a divulgação do conhecimento científico. E para atingir os objetivos do projeto estão programadas revitalizar algumas estruturas já existentes do Inpa como a Torre de Observações na ZF-2 (já em andamento), o Bosque da Ciência e a Exposição da Casa da Ciência.