MANAUS – O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) voltou a postar texto na página pessoal dele no Facebook, nesta segunda-feira, 30, desta vez dirigido ao desembargador João Mauro Bessa, autor da nota oficial do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) em resposta ao primeiro poste do tucano. A querela iniciada por Arthur gira em torno dos processos em que o governador José Melo (Pros) será julgado sob acusação de condutas vedadas pela legislação eleitoral.
O primeiro texto do prefeito foi publicado na noite de domingo, 29, e gerou reação do TRE-AM. No texto, Arthur levanta suspeitas sobre a isenção do advogado e juiz eleitoral Délcio Luís Santos, da presidente do TRE-AM, Socorro Guedes, e do corregedor e vice-presidente do TRE-AM, João Mauro Bessa.
Na tarde desta segunda-feira, o desembargador João Mauro Bessa divulgou uma nota oficial em que rebate as críticas, sem citar o nome de Arthur.
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O fato de não ter citado o prefeito, o fez reclamar no segundo texto, postado na noite desta segunda-feira. “Dirijo-me ao desembargador Mauro Bessa, que redigiu nota respondendo ao post que publiquei ontem nesta página. Não me citou o nome, mas escreveu para mim”, diz Arthur.
O prefeito reafirma o que havia dito no primeiro texto e diz que se tivesse qualquer prova contra os desembargadores Socorro Guedes e Mauro Bessa que apontasse para favorecimento ao candidato Eduardo Braga (PMDB) no julgamento dos processos de José Melo, os denunciaria ao Conselho Nacional de Justiça. “Se algo consistente me viesse às mãos contra os desembargadores Bessa e Socorro, iria diretamente ao Conselho Nacional de Justiça, na qualidade simples e altiva de brasileiro, solicitando a investigação isenta que é a norma do CNJ. Ambos me conhecem e sabem que não uso terceiros para falar por mim. Minha consciência governa o que escrevo e digo”.
Mas o principal alvo de Arthur é o advogado Délcio Luís Santos. Ele lembra que o agora juiz eleitoral foi advogado de Eduardo Braga por 15 anos, é amigo pessoal dele e é “visto como articulador da chapa perdedora nas manobras dentro do Tribunal Eleitoral”.
“Considero que o jurista Délcio Santos não reúne as necessárias condições de isenção para julgar qualquer processo que possa beneficiar ou prejudicar o sr. Eduardo Braga”, escreveu o prefeito.
Confira a íntegra da nota do prefeito Arthur Virgílio Neto:
Dirijo-me ao desembargador Mauro Bessa, que redigiu nota respondendo ao post que publiquei ontem nesta página. Não me citou o nome, mas escreveu para mim. Os estilos é que são diferentes. Sou sempre claro e, portanto, que não paire dúvida nenhuma quanto a ser para ele que me dirijo neste momento. Para começar, então, esclareço que primeiro cumpri o expediente de prefeito para, a seguir reportar-me ao magistrado em tela.
Sua excelência falou em ausência de provas, usando termos pouco corteses como “maledicência”, “demagogia”, “achaques”, além de menoscabar a capacidade de julgamento das pessoas mais humildes, que seriam, pela análise singela que fui forçado a ler, “ignorantes”, tendentes a vender votos e presas fáceis da insinceridade política. Não é assim que penso. E quanto à compra de votos, sou vítima tradicional dessa prática nefanda, conforme o próprio desembargador, mesmo observando segredo de seita secreta, haverá de reconhecer.
O desembargador fala em “provas”. Será possível que desconheça a umbilical ligação de seu colega Délcio Santos com o candidato derrotado Eduardo Braga? Advogado do senador por cerca de 15 anos, amigo pessoal, visto como articulador da chapa perdedora nas manobras dentro do Tribunal Eleitoral? Aliás, registre-se que, em nenhum momento, esbocei qualquer palavra ou frase que agravasse o TRE. Referi-me, isto sim, ao advogado Délcio, à presidente Socorro Guedes e ao desembargador Bessa.
O desembargador, por sinal, em nenhum momento desagravou Délcio Santos. E, de minha parte, no tocante a ele e Socorro Guedes, apenas manifestei preocupação com os insistentes e corriqueiros comentários, que correm nos corredores na Corte, da boca de advogados de todos os matizes. Tais comentários tratam do que seriam os laços da segunda com a família de Braga e mencionam que Mauro Bessa teria um voto pronto para fulminar Melo na hora que lhe parecesse a mais adequada. Duvido que tais “boatos” não tenham chegado aos ouvidos sensíveis do magistrado. Duvido mesmo. Até porque chegaram aos meus, que não frequento o Tribunal, na mesma medida em que não aceito golpes de mão, que o são precisamente porque violentam a vontade popular e passam por cima da verdadeira justiça, que é a justiça justa.
Vamos direto ao ponto: a) considero que o jurista Délcio Santos não reúne as necessárias condições de isenção para julgar qualquer processo que possa beneficiar ou prejudicar o sr. Eduardo Braga; b) se algo consistente me viesse às mãos contra os desembargadores Bessa e Socorro, iria diretamente ao Conselho Nacional de Justiça, na qualidade simples e altiva de brasileiro, solicitando a investigação isenta que é a norma do CNJ. Ambos me conhecem e sabem que não uso terceiros para falar por mim. Minha consciência governa o que escrevo e digo.
E procuro empregar palavras simples, exatamente para que minhas intenções sejam entendidas à primeira leitura. Não sou de deixar quem me ouve ou lê no “solipsismo” que, sem dúvida, serve para tirar a solidão dos dicionários e minorar um eventual ostracismo dos dicionaristas.
Para mim, por sinal, quem ficou no “solipsismo” do voto popular deve ficar à espera da próxima eleição ou abandonar a vida pública. E os julgadores de honra verdadeira e não apenas anunciada não devem permitir o menor arranhão à credibilidade de suas togas… ou a injustiça e a iniquidade prevalecerão.
Boa noite a todos.