Pelo menos três deputados da base aliada do governador José Melo (Pros) reclamavam, nesta quarta-feira, 29, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado (ALE), do constrangimento a que estarão submetidos nesta quinta-feira, 30, por ocasião da votação do projeto de lei que concede reajuste de 20% para os servidores do Tribunal de Contas do Estado (TCE). O PL autoriza o TCE a efetuar o pagamento da reposição salarial dos anos de 2012 e 2013 aos 858 servidores ativos, inativos e pensionistas, além da data-base de 2015. Na terça-feira, o presidente do TCE, Josué Filho, esteve na ALE e explicou aos deputados que o TCE tem dinheiro em caixa para bancar o reajuste. Ele usou esses termos aos parlamentares: “O TCE tem meios e modos de manter a sua folha sem mexer no vencimento de ninguém. Se houver uma turbulência, poderemos diminuir as participações de verba de pessoal, na produtividade ou nas comissões. Ou seja, se o avião cair, nós temos paraquedas”. O problema está exatamente aí. Enquanto o TCE tem gordura para queimar, o governador José Melo anunciou na semana passada que o Poder Executivo está quase no vermelho e não tem dinheiro para conceder reajuste a nenhuma categoria. Os deputados avaliam que votar o aumento apenas para o TCE é uma ofensa aos demais servidores públicos do Estado, que estão nas ruas para reivindicar reposição salarial.
Guerra declarada
A preocupação dos deputados faz sentido. Nesta quarta-feira, em entrevista ao AMAZONAS ATUAL, o presidente do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas), Marcus Libório, lembrou exatamente desse projeto em tramitação na ALE. “O governo diz que não tem dinheiro pra ninguém, mas tem para o TCE conceder reajuste aos seus servidores?”, questionou.
Nas ruas
Os professores estarão nas ruas nesta quinta-feira, 30, para pressionar o governador José Melo a reabrir as negociações com a categoria. A novidade dessa manifestação é que ela está sendo puxada pelo Sinteam, que até aqui se manteve distante dos movimentos que foram às ruas no mês passado para revindicar reajuste e pagamento de bônus com dinheiro do Fundeb. Agora, o Sinteam já admite até uma greve geral da categoria.
Platiny zonzo
Em dia de notícias negativas na mídia, o deputado Platiny Soares (PV), que se elegeu colado ao governador José Melo, foi à tribuna tentar se explicar à categoria dos policiais civis e militares, responsável por grande parte dos votos dele nas eleições de 2014. Pela inexperiência em tribuna, o líder do governo, David Almeida acabou tomando-lhe grande parte do tempo em um aparte para defender o governo e desconstruir o discurso do novato.
Solidariedade
A solidariedade ao parlamentar que da base aliada de Melo veio da oposição. Os deputados José Ricardo (PT) e Luiz Castro (PPS) saíram em defesa de Platiny e disseram que ele deve, sim, defender os policiais e cobrar as promessas feitas às vésperas da campanha eleitoral. No final, o deputado Dermilson Chagas (PDT) também saiu em defesa de Platiny, que demonstrava estar “perdido” no parlamento.
Pegou mal
A repercussão negativa da “mexida” do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) na composição da Câmara Municipal de Manaus para acomodar atuais e futuros aliados, gerou uma série de discussões nos bastidores do parlamento. Arthur precisou tirar dois vereadores e um suplente para acomodar o irmão dos dirigentes do Sindicato dos Rodoviários na CMM, o ex-vereador Jaildo dos Rodoviários.
Pergunta ao prefeito
O o ex-vereador Luís Alberto Carijó (PTB) vai assumir a Secretaria Municipal Extraordinária, que cuidará da articulação junto ao governo federal para liberação dos recursos internacionais “emperrados na Secretaria do Tesouro Nacional”. Liberando esses recursos o cargo deixa de existir ou a prefeitura tentará novos empréstimos para justificar a criação da secretaria?