Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Estudo do Atlas ODS Amazonas aponta que 24 municípios amazonenses registraram tendência de aceleração da pandemia mais acentuada que Manaus em janeiro deste ano, quando houve explosão do número de casos na capital. Ainda segundo o estudo, a tendência de crescimento de óbitos mensais também foi maior em 12 cidades do interior.
Para os pesquisadores Henrique Pereira, Danilo Egle e Bruno Lorenzi, os dados, compilados pelo Brasil.IO, indicam que a nova variante vírus já estaria em circulação nos municípios com aceleração maior que a de Manaus no início deste ano. Segundo eles, a maioria dos municípios amazonenses também enfrentou a segunda onda da doença.
“Conclui-se que a 2ª onda já está sendo enfrentada na ampla maioria dos municípios do estado, seja pelo indicador de novos casos seja pelo de óbitos e que em janeiro apenas uma pequena minoria dos municípios já estaria apresentando uma tendência de desaceleração ou mesmo de controle da pandemia no período analisado”, diz o estudo.
Para detectar a tendência, os pesquisadores compararam a variação percentual de janeiro de 2021 em relação a dezembro de 2020 e a variação percentual de janeiro deste ano em relação a média do último trimestre do ano passado. A soma dessas duas variações foi calculada e o índice serviu para classificar os municípios em ordem decrescente.
De acordo com o estudo, enquanto o aumento de novos casos em janeiro em relação ao período anterior foi da ordem de 250% para Manaus (2,5 vezes), o município de Juruá (a 672 quilômetros de Manaus), que está no topo dos municípios “acelerados”, registrou aumento de 3.000% a 4.000% (30 a 40 vezes).
Em dados reais, conforme a nota técnica, Juruá registrou apenas quatro casos em dezembro de 2020 e 171 novas infecções em janeiro deste ano. Antes disso, o município juruaense havia alcançado 10 novos casos em outubro e dois em novembro, fazendo com que a média trimestral analisada fosse de 5,3.
Cinco municípios apresentaram indicadores de que a pandemia estaria estável ou com tendência ao controle com redução de novos casos nas duas comparações. Anamã (a 161 quilômetros de Manaus), que aparece no topo da lista, registrou 40 novos casos em outubro, 166 em novembro, 243 em dezembro e 196 em janeiro deste ano.
Mortes
O estudo também aponta que, baseado no número de mortes mensais, 12 municípios apresentaram tendência de aceleração mais acentuada que a de Manaus, em termos proporcionais e considerando a série histórica do próprio município. No topo dessa lista, aparece Iranduba (a 19 quilômetros de Manaus), que registrou 41 mortes em janeiro.
De acordo com o levantamento, o município irandubense teve três óbitos em outubro, um em novembro e nenhum em dezembro. Considerando a média trimestral de 1,3 mortes, a variação de óbitos chegou a 2.975%, ou seja, um aumento de cerca de 30 vezes em janeiro em relação ao último trimestre de 2020.
Os pesquisadores também afirmam que, pelo indicador de óbitos mensais, haveria um conjunto de dez municípios em que a pandemia estaria estável, como Itapiranga e Alvarães, ou sob controle, como Amaturá e Envira, onde não houve registro de mortes por Covid-19 nos quatro meses analisados.