MANAUS – Uma comissão formada por sete bolsistas da Fapeam (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas ) está neste momento em frente à instituição reivindicando uma reunião com o diretor-presidente do órgão, Renê Levy para esclarecer a questão do atraso de salário e cobrar uma solução para que o problema não volte a acontecer. Essa é a terceira vez em menos de um ano que os mais de 6 mil bolsistas da fundação têm seus salários atrasados.
À frente do grupo está a bolsista Thatyla Farago que é doutoranda em biologia aquática do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Ela afirma que os bolsistas estão preocupados por que temem que essa situação se torne permanente da Fapeam. Eles estão com sete dias de atraso, mas chamam a atenção que essa é a terceira vez que o pagamento das bolsas atrasam no ano.
O primeiro atraso aconteceu no salário de dezembro de 2014, que eles somente conseguiram receber na última semana de janeiro deste ano. O segundo, aconteceu em julho e somente receberam após dez dias de atraso. E, agora, pela terceira vez consecutiva estão correndo atrás das autoridades para que possam receber o pagamento de suas bolsas.
Como as bolsas são de dedicação exclusivas, os beneficiados são proibidos de terem vínculo empregatício em qualquer outro lugar, o que lhes tornam totalmente dependente aos valores recebidos. Conforme Thatyla, muitos têm família e outros moram alugados e, tem aqueles que moram em outros Estados brasileiros, que fazem mestrado ou doutorado como pesquisadores da Fapeam e que estão muito preocupados com esse atraso. “Tem gente que não está indo trabalhar porque não tem o vale-transporte. Todos nós dependemos dessa bolsa”, disse a bolsista.
“Ontem viemos aqui na Fapeam, falamos com o diretor-financeiro e não conseguimos nenhuma resposta. Ele nos encaminhou à Seplanct e nada. Lá, fomos informados de que essa secretaria não está envolvida nisso, que é um problema entre a Fapeam e a Sefaz”, disse Thatyla. O grupo planeja ir à Sefaz tentar uma audiência com o secretário Afonso Lobo após saírem da Fapeam.
A fundação tem inscrita mais de 6 mil bolsistas que atuam desde a iniciação científica até mesmo na residência médica. O valor da bolsa varia entre R$ 400 e R$ 4 mil, disse Thatyla. “Estamos em busca de resposta. Já denunciamos o fato no Ministério Público do Estado, na Procuradoria Geral do Estado e até na Associação Nacional de Pós Graduandos”, disse.
Hoje a Fapeam financia linhas de pesquisas em várias áreas do conhecimento, como sociologia, educação ambiental, ecologia aquática, produtos renováveis e biodiesel, química. “Nós prestamos serviços ao Estado do Amazonas. Trabalhamos no desenvolvimento científico para promover o Estado”, acrescentou a pesquisadora.
Recorrente
Mas, não são apenas os bolsistas da Fapeam que estão sofrendo com a falta de pagamentos. Neste ano, outras categorias que prestam serviço ao governo de José Melo (Pros) foram alvos de calote por parte da administração pública.
Desde o início do ano que estagiários e terceirizados que prestam serviço para a Delegacia Geral enfrentam problemas com o atraso de salários. Em agosto, por exemplo, as duas categorias realizaram uma greve para denunciar e cobrar o pagamento de dois meses atrasados.
Na Secretaria de Estado da Produção Rural e Sustentabilidade (Seprors) o cenário não é diferente para quem está prestando serviço. Um leitor do portal AMAZONAS ATUAL, que pediu anonimato, denunciou que desde o início do ano que os pagamentos são pagos com atraso e, em julho se agravou a situação. O contrato que a pasta tinha com a Prosam foi encerrado e, desde então, os terceirizados estão sem receber há mais de 2 meses. Conforme a fonte, são 52 funcionários sem receber e mais de cem trabalhando com expectativas, pois pagaram apenas um percentual.
Desde que assumiu, há dez meses, o governador José Melo (Pros) ainda não explicou os atrasos de salários, mesmo afirmando veemente que a crise financeira não iria afetar o pagamento do funcionalismo.