Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Passados mais de cinco anos após a aquisição de equipamentos que deveriam estar beneficiando a população amazonense na área da saúde, quando foram gastos mais de R$ 16 milhões pela Susam (Secretaria de Estado da Saúde), em 2012, ainda na gestão do ex-governador Omar Aziz (PSD), os aparelhos nunca foram usados. A Susam desconhece o paradeiro das máquinas. Em nota, a secretaria informou que está fazendo um levantamento no setor de patrimônio para elaborar um relatório sobre equipamentos que funcionam ou não.
O motivo da ociosidade das máquinas é que a secretaria não comprou os reagentes para fazer as máquinas funcionarem. Os aparelhos foram distribuídos, conforme o Portal da Transparência, para unidades de saúde na capital e no interior como Manacapuru, Itacoatiara, Tabatinga, Tefé, Parintins, Humaitá, Eirunepé e Lábrea.
Fechado em 2012, o contrato começou a ser pago no mesmo ano e foi concluído em 2013. Entre os equipamentos estavam 69 unidades de três máquinas de fabricação francesa Biomérieux (a Bact Alert 3D; a Tiket 2 e a Mini Vidas).
Com as máquinas, os exames poderiam custar 200% mais baratos do que os realizados em laboratórios privados. Uma hemocultura, por exemplo, que custava R$ 300 para o Estado em um laboratório privado, poderia ser feito por R$ 68.
O que cada um faz
O Bact Alert é um aparelho com sistema de detecção microbiana automático, capaz de detectar as contaminações por bactérias.
O Vitek 2 é um equipamento capaz de fazer identificação microbiana e testes de sensibilidade aos antibióticos.
O Mini Vidas processa testes individuais de amostra e de lote para todos os tipos de análise: sorologia, imunoquímica e detecção de antígeno.
Suspensão
Em 2012, o TCE (Tribuna de Contas do Estado do Amazonas) chegou a suspender a licitação para a compra dos equipamentos acatando uma representação feita pelos deputados estaduais Luiz Castro (Rede), José Ricardo (PT) e Marcelo Ramos (agora ex-deputado – PR). Mas o processo de compras acabou sendo retomado.
Em julho do ano passado, o ex-secretário de saúde Pedro Elias retomou o projeto e estabeleceu com a FVS (Fundação de Vigilância e Saúde) um cronograma para viabilizar a implantação de serviços com o uso dos equipamentos, com a aquisição de insumos que permitiriam instalar os aparelhos em um curto período de tempo. A Susam não sabe se os equipamentos foram instalados.
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