Sou um torcedor dos mais chatos que o futebol conseguiu inscrever. Neste sábado, 17/10/2015, tirei o começo da noite para ver a evolução do futebol brasileiro na base, tão decantada pelos novos “professores” do futebol mundial: Gilmar Reinaldi e Dunga. Jamais pensei que o sofrimento pudesse levar algum brasileiro a dar tantas risadas. A Coréia do Sul, 2×1 no Brasil, carimbou os diplomas de mestres dos dois brasileiros. A Coréia do Sul saiu da lanterna, no último Campeonato Mundial Sub-17, para a liderança do grupo em que estão Inglaterra, Guiné e Brasil. Adivinhem quem os “experts” da CBF deixaram na lanterna? O Brasil, claro! Eu ria muito de ver o “treineiro” brasileiro, cheio de boas intenções, se esgoelar para os pupilos, e nada saía. Para executar dentro de campo é precisar treinar fora dele…à exaustão. Assim como a Lei da Gravidade e as de Newton, nada no futebol foi inventado depois dos Mandamentos do Gentil Cardoso.
“ Quem desloca recebe, quem pede tem preferência”
“O craque trata a bola de você, não de excelência”
“Só me chamam pra enterro, ninguém me convida pra comer bolo de noiva”. Uma lembrança de que não o chamavam para treinar times de primeira.
“Se a bola é feita de couro, se o couro vem da vaca e se a vaca come capim, então a bola gosta de rolar na grama não de ficar lá por cima; portanto, meus filhinhos, vamos jogar com ela no chão”
“Deem-me Ademir que eu lhes darei o campeonato”. Frase símbolo da conquista do Campeonato de 1946 pelo Fluminense.
Ele só inventou as bases do moderno futebol, tão bem imitado pelos grandes e geniais treinadores de hoje e de ontem, Rinus Michels da Laranja Mecânica holandesa e por Pepe Guardiola, quando fez o TIC-TAC para a sua Espanha.
Gentil Cardoso também viu e inventou o maior de todos: Garrincha. Ele viu, pediu para Garrincha ir ao treino, mandou seu filho Newton realizar a prática e chegou no final, quando Nilton Santos, a Enciclopédia, já pedia para que a diretoria contratasse aquele fenômeno, pois ele não queria passar pelo que passou, no Maracanã lotado.
Coitado do meu Brasil! Pegou, de novo, um banho de bola e um show de tática nos meninos.
Ninguém desloca e ninguém pede, nos timecos brasileiros. Foi criada uma tática malandra. Tática carioca. A grande mentira é: “Quem corre é a bola”. O Grande Rivelino fala isso em todas as entrevistas. Ainda bem que ele não é um “treineiro” a mais. A bola deve correr, e os jogadores que correm deveriam tocar na bola e deslocar para tocar de novo. Abrir opções para outros companheiros. O time que toca a bola, ou seja, mantém a posse da bola, não cansa. Os times mais cansados do mundo do futebol moderno são os brasileiros, que correm atrás do adversários que estão com a posse da bola.
Taticamente, uma tragédia! Os coreanos começaram pressionando a saída de bola do Brasil e o nosso time não chegava no meio do campo dos orientais. No segundo tempo, o treinador coreano, sabiamente, recuou os seus atacantes e atacou o time brasileiro no seu próprio campo oriental. Os brasileiros continuaram a tocar demasiadamente a bola, sem nenhuma jogada pelas laterais, ou pelo meio, para chegar ao gol coreano. Estava claro, os coreanos forçaram os brasileiros a procurar o gol e sabiam que, sem tática, jamais chegariam a levar perigo ao seu goleiro.
Sem tática, sem passe, sem chute, sem cabeceio, sem batedores de faltas, sem velocidade, sem goleiros que saiam jogando com os pés (o ancião Rogério Ceni, inclusive, adora dar um chutão), sem habilidades e sem comentaristas críticos, vendidos ao padrão CBF de fazer futebol.
É de se chegar à conclusão de que os milhões que entram nos cofres da entidade mater do futebol brasileiro só servem para dar conforto a velhinhos cleptomaníacos nas prisões europeias e americanas. Obriguemo-nos a trazer treinadores de qualquer lugar do mundo, estudiosos, para mudarmos o nosso futebol.
Roberto Caminha Filho, economista e nacionalino, tem pavor dos desportistas da CBF.