SÃO PAULO – A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) cobrou urgência do Ministério da Saúde (MS) para conter o avanço do sarampo em Boa Vista (RR). Em nota, o Departamentos Científicos de Infectologia e Imunizações da entidade ressalta que cobrará do governo federal agilidade no processo.
No documento, a SBP solicita ao MS a intensificação da busca ativa de casos; análise retrospectiva de prontuários e atendimentos de urgência na rede para possível detecção de casos suspeitos; e identificação e seguimentos de contatos de casos suspeitos e confirmados. Pede ainda a capacitação de profissionais da saúde para identificação rápida de casos suspeitos; fortalecimento da rede laboratorial para pronto diagnóstico; assistência adequada a todos os casos; e efetivação imediata do plano de vacinação para a população residente no Estado de Roraima, com um público-alvo de 400 mil pessoas de 6 meses a 49 anos de idade, incluindo os imigrantes da Venezuela.
“Casos de sarampo vêm sendo reportados em todo o mundo, principalmente na Europa e África. Levando em consideração que os deslocamentos populacionais são frequentes e intensos, a partir da ação do Ministério da Saúde, a SBP espera que a circulação do vírus do sarampo no Brasil seja interrompida brevemente, evitando a ocorrência de novos casos e a disseminação da doença em nosso território”, enfatiza a presidente da instituição, Luciana Silva.
Casos
Até a última terça-feira, 13, haviam sido notificados 50 casos. No total, 14 foram confirmados por testes sorológicos e de biologia molecular e outros 36 permanecem em investigação. O informe relata uma vítima fatal. Todos os registros confirmados foram em cidadãos venezuelanos, sem antecedentes de vacinação, com idades variando de três meses a 33 anos. “As amostras que foram submetidas à análise na Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), no Rio de Janeiro (RJ), identificaram o genótipo D8, idêntico ao isolado na Venezuela em 2017”, comenta o presidente do Departamento Científico de Infectologia da SBP, Marco Aulério Sáfadi.
Naquele ano, quatro países do continente Americano registraram casos de sarampo: Argentina, Canadá, Estados Unidos e a Venezuela. Em 2018, apenas nos três primeiros meses, já foram confirmados casos em oito países: Antígua e Barbuda (um caso), Brasil (oito casos), Canadá (três casos), Guatemala (um caso), México (um caso), Peru (um caso), Estados Unidos (11 casos) e Venezuela (159).
No Brasil, os últimos registros de sarampo haviam ocorrido entre 2013 e 2015, concentrados nos Estados de Ceará e Pernambuco. No período, foi realizada uma campanha de vacinação que resultou no controle da doença. Ao final do processo, o Brasil recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2016, o certificado de eliminação da circulação do vírus, declarando a região das Américas livre da doença.
O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, Renato Kfouri, explica que o sarampo é uma doença altamente transmissível e não raramente evolui com complicações, podendo inclusive levar ao óbito, especialmente crianças desnutridas e menores de um ano de idade. “A detecção precoce dos casos e as medidas de contenção são fundamentais no controle de surtos da doença. A vacina disponível é extremamente segura e eficaz e o risco de reintrodução da circulação viral no país é iminente”, orienta.