Da Redação
MANAUS – Com 54% da frota de ônibus do transporte público de passageiros em Manaus irregular, o diretor do Detran-AM, Vinícius Diniz, classificou a situação de “afronta”. Diniz disse que as empresas não pagam licenciamento, IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e nem o seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre). “Isso representa risco, tanto para passageiros, motoristas quanto para pedestres”, disse Diniz, em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira, 17, quando revelou a condição dos ônibus.
Em blitz nessa quinta-feira, 16, o Detran apreendeu 36 ônibus, todos irregulares. “São irregularidades como pneus em péssimas condições, vidros quebrados, motoristas dirigindo em cadeira de macarrão soltos, um verdadeiro risco à segurança”, afirmou Diniz.
Oito ônibus já haviam sido apreendidos anteriormente. Conforme o diretor do Detran, foi dado um prazo de dez dias para que as empresas regularizassem a situação. “Nesses dez dias não foi tomada nenhuma providência”, revelou.
O diretor do Detran disse que não será permitido mais a circulação desses veículos de forma irregular e que não aceitará influências políticas no órgão. “Não vamos aceitar pedidos, eu nunca aceitei, para relaxar a fiscalização. É o governo do Estado do Amazonas que quer transparência nas suas ações. Então, a fiscalização vai continuar e as empresas terão que se regularizar”, avisou.
As operações terão a participação da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil – Secção Amazonas). Diniz disse que o TCE (Tribunal de Contas do Estado do Amazonas) também está fazendo uma auditoria no Detran para verificar a prestação de contas de leilões. “Tenho que me preocupar com o que está sendo feito daqui para frente”, disse. “O TCE vai identificar se há irregularidades nos leilões realizados”.
Placas clonadas
O presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB, Alan Johnes Feitoza, disse que até ônibus com placa clonada foi apreendido. “Se este ônibus se envolvesse em um acidente, não poderia ser identificada a autoria, disse Feitoza. “Observamos que é preocupante a situação do transporte coletivo do Amazonas. As pessoas carentes, que utilizam o transporte, são as mais prejudicadas. O seguro obrigatório não é pago e esse imposto é que dá assistência às vítimas de acidentes de trânsito. Vamos acompanhar o trabalho do Detran”, afimou.
Consultado pelo ATUAL, o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas) informou que enviaria uma nota sobre a posição da entidade. Até a publicação desta matéria, a nota não havia sido enviada.
(Colaborou Patrick Motta)