O Brasil tem uma das maiores cargas tributária do planeta e foi distinguido com o primeiro lugar entre os países que não retribuem com serviços públicos de qualidade os impostos que recebem. Os exemplos são fartos.
A nossa educação, por exemplo, ronda os últimos lugares no ranking do PISA (teste que mede o desempenho dos estudantes ao redor do mundo), desde o início dessa medida no ano 2000. São 15 anos na rabeira. Os nossos jovens, especialmente os da escola pública, já começam perdendo desde a largada na corrida da vida e dificilmente subirão ao pódio.
A saúde é um espetáculo macabro. A nossa dignidade é vilipendiada nos corredores de hospitais, onde pobres cidadãos morrem amontoados, sob a alegação da falta de recursos.
Mas, ao mesmo tempo, gastaram-se bilhões na construção das Arenas para a Copa, quando não muito distantes delas, milhões de pessoas vivem um sério problema de saúde pública convivendo com esgotos a céu aberto e, não raro, com lixões sem tratamento, onde ratos e urubus fazem a festa ao som da sinfonia da inoperância e do descaso, numa criminosa inversão de prioridades, aplaudida por muitos, a mostrar que a ignorância não nos permite avançar no processo civilizatório da humanidade.
A violência é parte da nossa rotina e com ela já nos acostumamos, numa demonstração do desleixo com a própria vida. A morte resultante dela, quando não é com os nossos, tornou-se uma banalidade e sequer nos desperta indignação. Só o trânsito mata 60 mil pessoas ano.
A infraestrutura esfacelada trava o progresso do País, cenário que se completa com a calamidade do sistema de transporte público, onde, diariamente, a população tem encontro marcado com a humilhação.
Depender da justiça é um drama que passa em câmera lenta e em massacrantes capítulos, deixando no ar o recorrente: “Todos somos iguais perante a Lei”?
O roubo é mazela conhecida e insuperável. Para a política transferimos toda a nossa experiência de reles batedores de carteiras e agora mostramos ao planeta, que incrédulo se espanta, a nossa fantástica competência em desviar dinheiro público no atacado.
Roubar, sempre nos roubaram, mas nunca demos muita importância. Antes, a nossa santa ingenuidade entendia que o roubado era o governo. “Quero nem saber”. “É do Governo”. Dizia o povo.
O “Rouba, mas faz” foi o passo intermediário. Fez tanto sucesso que essa condenável prática se transformou em elogio. Virou marca de bom administrador. Aval para avanços ao erário. Homenagem de um povo à sua própria ignorância, que se encanta com as migalhas do populismo.
Por essa trilha seguiu o lulopetismo e “nunca antes na história deste País” se evoluiu tanto. O roubo agora é de bilhões. Milhões virou “pixuleco”. E a “Lava Jato”, ainda nem chegou à metade do seu desafio.
Passar o Brasil a limpo é trajetória longa. Há muitos caminhos a percorrer: desde simples câmaras de vereadores ao Congresso Nacional passando por governos estaduais, prefeituras, assembleias legislativas e chegar até mesmo ao judiciário. Está tudo contaminado.
Nesse caminhar há de encontrar-se com o desperdício, onde alguns bilhões em obras e outros itens patrimoniais estão parados ou abandonados nos cemitérios construídos Brasil afora, pelo descaso, a má fé, a incompetência, a má gestão enfim. Sem contar as obras concluídas com atrasos, sem qualidade e repetidos aditivos, para corrigir “malfeitos” na obra ou encobrir “malfeitos” nas finanças.
Pelo menos um esbarrão deve ser dado nos gastos com a propaganda oficial, que saiu da obrigação de informar, para convencer o distinto público que o governante de plantão é gestor de largo discernimento. Disfarçado modo de preparar à reeleição, o que é proibido pela legislação eleitoral, mas praticada ás fartas.
O lulopetismo usa e abusa dessa ferramenta para vender ilusões. Foi assim com o pagamento da dívida externa. Uma verdade que nos custa uma fortuna anualmente, pois a dívida paga tinha 2% de juros ao ano e foi liquidada com endividamento interno, com custo de 14,5% ao ano. Um crime marcante nessa área, mas, provavelmente, não o mais escabroso.
São treze anos de enganações durante os quais se fez de tudo sem qualquer escrúpulo. Importante é a permanência do partido no poder. Foi com esse fim que nasceu o mensalão que, ao evoluir para o petrolão, misturou-se com a ambição pessoal das lideranças. E, como dizia o padre Antônio Vieira: “A quem convém mais do que é lícito, sempre quer mais do que convém”.
Resumo da ópera: alta carga tributária, altíssima dívida interna; alto déficit nas contas; 39 ministérios; milhares de cargos comissionados; cartões corporativos frouxos e tantas outras conhecidas mazelas a servir de boia a um governo sem rumo.
O mais grave, porém, é nada indicar que a comandante saiba para onde está indo ou aonde quer chegar, embora a sua forma clara de comunicar-se, possa indicar para onde. Certeza mesma só existe uma: se não reagirmos vão meter a mão no nosso bolso mais uma vez.
A situação é caótica, mas impressiona a cara de pau dos que a provocaram. O descaramento é tanto, que o “capo” desse desastre ensaia voltar, certamente acreditando na sua capacidade de mentir e enganar. Mas devo alertar que o país é outro. Não serão desgastados chavões e frases feitas carregadas de mentiras, que nos enganarão novamente. Sem contar com a chance real de encontrar no seu caminho a Polícia Federal. Chega! Não cola mais. Já era!