Por Cinthia Guimarães, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – O Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários do Amazonas promete fazer um ato público nesta quarta-feira, 27, no Largo de São Sebastião, Centro de Manaus, contra a privatização da Eletrobras Distribuidora Amazonas, que hoje pertence 60% ao governo federal. O ato vai ocorrer em 10 cidades brasileiras e vai contar com a participação de sindicalistas, centrais sindicais e movimentos sociais.
“A justificativa (para a privatização) é que o setor está dando prejuízo e que o governo não pode distribuir energia”, informou o presidente dos Urbanitários, Edney Martins.
Os trabalhadores são contra a venda da concessionária de energia e justificam que há risco da energia ficar mais cara nas mãos da iniciativa privada, como já ocorreu nos estados do Pará e Maranhão.
“Temos críticas ao modelo e pela ingerência de lideranças políticas nas empresas de energia. Mas é pior privatizada, porque o cidadão não tem a quem recorrer. Foi o que aconteceu com a Manaus Ambiental (concessionária de água), ninguém pode fazer nada diante do descaso de falta de água. Não há a quem recorrer. Quando a empresa é pública, há acesso maior às suas decisões e ela precisa dar satisfação à sociedade”, explicou Edney.
Após a interligação de Manaus e Região Metropolitana ao SIN (Sistema Integrado Nacional), a Eletrobras dividiu o setor em duas: Amazonas GT, responsável por gerar e transmitir a energia, e Eletrobras Distribuidora, que distribui a energia aos consumidores. No interior do Estado, onde o sistema ainda é isolado, a Eletrobras Amazonas cuida das duas funções.
A matriz energética do Amazonas é composta, atualmente, por 22% do SIN, 11,5% da Hidrelétrica de Balbina, 13,53% de geração de óleo combustível e 52,89% por usinas alimentadas com gás natural.
Eletrobras justifica privatização
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, avaliou nesta segunda-feira, 25, que a capitalização de quase R$ 6 bilhões à empresa este ano “é importante” e “melhora” a situação da companhia. De acordo com ele, é possível que as distribuidoras de eletricidade controladas pela estatal sejam privatizadas ainda este ano.
“A nossa proposta do Conselho de Administração, que foi enviada para a assembleia de acionistas, é de que os recursos do aporte sejam direcionados paras essas distribuidoras. O prazo para se fazer um processo de privatização geralmente é de cerca de um ano, mas é possível realizar o processo em um tempo um pouco menor”, completou, ao chegar ao Ministério de Minas e Energia, onde se reunirá com o ministro Eduardo Braga.
O governo decidiu capitalizar a Eletrobras com parte dos valores arrecadados com a outorga por 29 usinas hidrelétricas leiloadas em novembro do ano passado. Ao todo, as licenças do certame somaram R$ 17 bilhões, dos quais o Tesouro já recebeu R$ 11,05 bilhões. Os R$ 5,95 bilhões restantes, que devem ser pagos pelas companhias vencedoras do leilão até a metade deste ano, serão direcionados para a estatal, para que as distribuidoras controladas por ela sejam saneadas antes de serem vendidas.