MANAUS – Em Cessão de Tempo no plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE), nesta quarta-feira, 19, solicitada pela deputada estadual Conceição Sampaio (PP), a direção do Sindicato dos Servidores da Suframa (Sindframa) pediu apoio dos parlamentares para evitar uma nova paralisação dos funcionários da autarquia já a partir de segunda feira, 24. O sindicato alega que a situação em que o órgão se encontra e diante das dificuldades de diálogo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a categoria não vê outra alternativa além da paralisação das atividades.
A decisão sobre uma nova greve vai depender do resultado da reunião, na sexta-feira, 21, em Brasília, com o Mdic e Ministério do Planejamento. Na pauta será tratada a reestruturação da carreira dos servidores da Suframa e da autarquia, que segundo o Sindframa, tem em seu quadro funcionários qualificados que estão sendo sub-remunerados, porque realizam tarefas semelhantes a outras instituições federais e recebem menos.
Dirigida pelo vice-presidente da ALE, deputado Belarmino Lins (PMDB), a Cessão de Tempo contou com a presença da deputada federal Rebeca Garcia (PP); do superintendente em exercício da Suframa, Gustavo Igrejas; o presidente do Sindframa, Anderson Benchior, o diretor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota, além de funcionários da autarquia e dos parlamentares estaduais.
A deputada Conceição Sampaio disse que o Polo Industrial de Manaus (PIM) teve uma grande conquista com a prorrogação dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM) por mais 50 anos. A parlamentar lembrou que não basta apenas prorrogar, é preciso reconstruir o modelo ZFM e nada mais justo que fortalecer a Suframa, propiciando a melhoria salarial de seus servidores. “O PIM gera riquezas ao Estado brasileiro, portanto, quem administra esse modelo de desenvolvimento precisa ser valorizado”, frisou.
A deputada Rebeca Garcia disse que o que está acontecendo com a Suframa se repete nos demais órgãos federais do Norte, o que gera preocupação aos parlamentares da região. “A Suframa precisa se fortalecer para trabalhar nas suas áreas de atuação”, disse a deputada, ressaltando que os três senadores do Amazonas – Eduardo Braga (PMDB), Vanessa Grazziotin (PCdoB) e Alfredo Nascimento (PR) – têm força política junto a presidente Dilma Rousseff (PT) para tratar dessa questão.
Os deputados Luiz Castro (PPS), Marco Antonio Chico Preto (PMN), Sinésio Campos (PT), Marcelo Ramos (PSB) e José Ricardo (PT) também se pronunciaram, frisando o papel da Suframa no desenvolvimento regional, reconhecendo a necessidade da autarquia se fortalecer.
Reclamações
Em seu pronunciamento, Anderson Benchior disse que houve uma greve, acordos foram firmados pelo Mdic, mas não foram cumpridos e é justamente isso que a categoria cobra. “Viemos pedir a intervenção dos deputados desta Casa Legislativa para evitar uma nova greve; não queremos isso; mas se não houver um posicionamento firme seremos obrigados a cruzar os braços novamente”, disse.
Benchior informou que hoje um técnico da Suframa ganha menos que um serviço gerais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o que demonstra que a remuneração paga na autarquia não é compatível com o trabalho que exercem. “Não estamos discriminando ninguém, só queremos uma equiparação salarial para não perder os excelentes técnicos que temos hoje”, explicou, informando que um servidor da Suframa em início de carreira recebe R$ 4,470 mil.
Dos concursados de 2008, o representante disse que 40% já saíram da Suframa, enquanto que 20% dos que acabaram de entrar foram embora ou não tomaram posse. “As pessoas almejam uma carreira, como não conseguem vão tentar em outro lugar”, afirmou Anderson.
Superintendente otimista
Otimista, o superintendente em exercício da Suframa, Gustavo Igrejas, acredita que na reunião de sexta-feira, quando será apresentado um relatório final de todas as discussões realizadas, haverá um encaminhamento satisfatório aos servidores da autarquia por parte dos ministérios – MDIC e Planejamento. Na opinião do dirigente, as reivindicações são justas, tendo em vista que a Suframa é a 190ª em termos de carreiras do Governo Federal. “Isso não condiz com os trabalhos, a eficiência e eficácia com que a Suframa trabalha”, assinalou.
Ronaldo Mota, do Cieam, disse que entende a indignação dos servidores da Suframa porque as indústrias do PIM também sofrem com o descaso com que é tratado o Distrito Industrial. “As ruas que dão acesso às fábricas do DI são uma vergonha: Esburacadas e sem iluminação pública”, frisou.