Por Maria Derzi, da Redação
MANAUS – O atropelamento e morte de ciclistas em avenidas e estradas de Manaus não são um caso isolado e envolvem mais do que uma cultura de trânsito que inclui a bicicleta como veículo de transporte. As cidades brasileiras não foram projetadas para ter ciclovias. O que predomina é o improviso, avalia o arquiteto e urbanista Luiz Roberto Coelho Nascimento.
“Em Manaus não tem sido diferente. Vez ou outra temos notícias de atropelamento de pessoas que fazem uso da bicicleta como meio de transporte. Por que? Primeiro, as cidades brasileiras não foram estruturadas para receber ciclovias e nem ciclofaixas. O que fazem são adotar o ‘jeitinho’, estreitando uma avenida ou construindo por cima das calçadas”, disse o urbanista.
Luiz Roberto disse que, em segundo lugar, a grande maioria dos motoristas não entende ou não faz questão de entender o conceito de ‘direito de propriedade’. “Pedestres, bicicletas, motocicletas e automóveis, todos fazem parte do trânsito, todos têm o direito de trafegar com segurança e respeito. Os veículos maiores podem e devem dar prioridade ao pedestre e aos ciclo (bicicleta). Isto está na lei de transito”, disse.
Roberto defende que, na falta de infraestrutura viária específica para bicicletas, a lei deve ser mais severa para garantir a segurança dos ciclistas. “Esses atropelamentos contra os ciclomotores e pedestres devem ser tratados com maior rigor pela lei”, disse.
Para o urbanista, é necessário que as autoridades de trânsito entendam o uso da bicicleta como meio de transporte e transponha para o projeto diretor da cidade a compreensão sobre o direito desses veículos circularem no trânsito da mesma forma como é entendido para os motoristas de carros e veículos pesados. “Penso que alguma orientação foi incorporada para promover o uso do ciclo na cidade no plano diretor da cidade. Um ótimo sistema cicloviário demanda uma excelente rede de ciclovias e ciclofaixas, principalmente nas vias que oferecem maior risco aos ciclistas. Se as estruturas da cidade não comportam, deve-se apelar para os espaços compartilhados”, sugeriu.
Na semana passada, dois ciclistas morreram ao serem atropelados, em Manaus. No sábado, 28, um adolescente de 17 anos ficou ferido ao ser atropelado. Foi o terceiro caso em dois dias. O rapaz teve fraturas no diafragma.