MANAUS – O secretário de infraestrutura do município de Iranduba, André Maciel Lima, preso na Operação Cauxi, desencadeada a partir de investigação do Ministério Público do Estado do Amazonas, conseguiu pelo menos 30 lotes de terras no município como pagamento de propina que cobrava de empresários. A informação está nos autos do processo no Tribunal de Justiça do Amazonas, em uma decisão monocrática da desembargadora Carla Reis, que transformou a prisão temporária de André Lima em prisão preventiva.
De acordo com o documento, a informação sobre os lotes de terras foi levada aos autos pelo secretário de Educação de Iranduba, Leandro do Vale e Silva, em depoimento ao Ministério Público. Vale e Silva disse que André Lima recebia no período vespertino a visita de diversos empresários e que “cobrava propina por meio de lotes de terra”. Os imóveis “eram passados a terceiros na evidente tentativa de ocultar os ilícitos, tendo ele amealhado, em razão das práticas criminosas, ao menos 30 lotes no município, patrimônio absolutamente incondizente com um secretário municipal que recebe salário inferior a R$ 5 mil”, diz o documento.
Ainda de acordo com a decisão de Carla Reis, no depoimento, Vale e Silva disse que a Secretaria de Infraestrutura de Iranduba, sob o comando de André Lima, acompanhava as obras públicas do município, assim como as medições que antecediam os pagamentos das empresas contratadas, sendo responsável por assinar ordens de serviço, relatório de fiscalização, atestado de medição, termo de recebimento provisórios e definitivos de obras públicas.
Interceptações telefônicas contidas nos autos revelam, também, que André Maciel Maciel cobrava propina para liberar pagamentos. “Tais fatos foram, inclusive, confessados pelo próprio André Lima, quando de seu interrogatório realizado no Ministério Público”, diz a decisão.
Com base nessas informações, a desembargadora Carla Reis decidiu conceder a prisão preventiva de André Lima sob o argumento de que ele “detém o domínio de diversos imóveis adquiridos com o proveito das práticas delituosas”, e pode, “em liberdade, vendê-los, ou até mesmo ocultar ou dificultar a identificação dos terrenos e dos terceiros (laranjas) que ‘emprestaram’ seus nomes para a empreitada criminosa”.
Por fim, a desembargadora argumenta que a prisão preventiva também é uma medida para “inviabilizar a lavagem de dinheiro mediante a venda ou transferência dos ditos terrenos, atrapalhando, por conseguinte, a instrução criminal”.
André Maciel Lima é filho do secretário de Finanças de Iranduba, David Queiroz, também preso pela Operação Couxi, e acusado de ser o mentor da quadrilha que assaltava os cofres do município, junto com o prefeito Xinaik Medeiros. Todos estão presos em Manaus.