Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – O procurador-geral de Justiça do MP-AM (Ministério Público do Amazonas), Fábio Monteiro, afirmou que o salário de pouco mais de R$ 12 mil por mês não justifica um patrimônio com 40 imóveis adquiridos pela ex-secretária da Seinfra (Secretaria de Estado de Infraestrutura), Waldívia Alencar. A ex-secretária foi presa na manhã desta quarta-feira, 18, na Operação Concreto Armado, do MP e Polícia Civil do Amazonas. “Enquanto ordenadora de despesas, ficou claro que a ex-secretária teve um grande acrescimento patrimonial, vindos de forma irregular. Pedimos os bloqueios dos bens para que haja o ressarcimento do erário público”, disse Fábio Monteiro.
Waldívia Alencar foi levada para o CDPF (Centro de Detenção Provisória Feminino) para cumprir prisão temporária. Nove empresários e outros cincos envolvidos no esquema de corrupção em licitações de obras públicas estão sendo investigados. Todos, segundo Fábio Monteiro, são da família da ex-secretária. As investigações apontam lavagem de dinheiro de mais de R$ 25 milhões com a compra de imóveis como flats e apartamentos em Manaus e em outros Estados, além de cinco carros de luxo.
Fábio Monteiro disse que o trabalho de investigação em parceria com a Polícia Civil foi fundamental para a prisão da ex-secretária. Segundo ele, o TCE (Tribunal de Constas do Estado) e o MP-AM, paralelamente com a Receita Federal, obtiveram documentos sobre o esquema. Conforme Monteiro, o que mais chamou a atenção foi o aumento do patrimônio de Waldívia.
Ex-governadores sem indícios
O procurador-geral de Justiça disse que a operação deverá ter uma continuidade. As construtoras das obras naquela época devem ser ouvidas. “Waldívia foi secretária dos três últimos governadores do Amazonas Eduardo Braga, Omar Aziz e José Melo), mas não temos indícios de participação dos ex-gestores no esquema. Se encontramos algo, as investigações devem ser encaminhadas para o STF (Supremo Tribunal Federal) por se tratar de pessoas com foro privilegiado, já que trata de dois senadores do Amazonas (Omar Aziz e Eduardo Braga)”, disse Monteiro.
O promotor Igor Starling, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), disse que o dinheiro desviado foi utilizado principalmente na compra de imóveis. “Acreditamos que aconteceu diversos desvios, obras superfaturadas e crescimento ilícito de patrimônio”, disse.
Starling disse que, por enquanto, as investigações buscam identificar os patrimônios. Segundo ele, existem 40 imóveis, sendo 23 no nome da ex-secretária e os demais nos nomes de familiares. “Tínhamos o levantamento de 23 imóveis no nome da ex-secretária, mas recebemos uma planilha com mais de 40 imóveis. Por isso, vamos apurar para saber em nome de quem estão esses imóveis”, disse o promotor.
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(Colaborou Patrick Motta)
Confira a entrevista coletiva do MP-AM na íntegra.