O deputado estadual Marcos Rotta, que em janeiro vai atuar na Câmara dos Deputados, em Brasília, travou aquela pode ser sua última batalha, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), e o adversário foi um companheiro de partido: Belarmino Lins. Jogando na oposição, em votação de projetos polêmicos, nesta quinta-feira, Rotta tentou enquadrar Belão para que votasse com o PMDB, que é liderado na casa por Rotta. O parlamentar pediu que a votação do projeto que estabeleceu uma manobra para permitir ao governador José Melo (Pros) pagar dívidas com dinheiro de fundos de desenvolvimento do Estado, fosse feita em bloco. Belão, que presidia a sessão, afirmou que não havia previsão no regimento para esse tipo de votação, e ouviu de Rotta: “O que eu estou tentando garantir é que os integrantes do meu partido sigam a orientação da liderança do partido, e enquadrando, inclusive, vossa excelência”. Belão reagiu: “Eu não me assusto com batido de folha!”. E Rotta rebateu: “Mas vossa excelência tem que se assustar. Vossa excelência está tão assustado que vossa excelência deveria estar aqui pra votar. Vossa excelência está aí mesmo com o presidente no plenário”. Belão disse que iria votar no painel, mas votou com o governo, contra a orientação da liderança.
Um político governista
“Eu não sei nem engatinhar na oposição. Não conheço os passos da oposição porque nunca fui de oposição. A minha índole é governista, é apoiar os programas para o Estado e para a população e não vender dificuldades para ganhar facilidades”. A frase foi dita por Belarmino Lins em 2010, quando ele estava sendo pressionado a dizer se apoiaria Omar Aziz ou Alfredo Nascimento nas eleições daquele ano. A frase continua bem atual. Belão não seguirá a orientação de seu líder Eduardo Braga, que no mês passado disse que é oposição.
Fuga da cadeira
O momento mais polêmico da ordem do dia na ALE nesta quinta foi quando o deputado José Ricardo questionou por que o deputado Belarmino Lins ocupava a presidência da Mesa se o presidente da Casa estava no plenário. A casa caiu. Josué não se manifestou, claro. Mas os governistas fizeram a defesa do indefensável. O que ocorreu foi que o grupo de Melo não acreditou na capacidade de Josué para conduzir a votação, e elegeu Belarmino Lins para fazer o papel de presidente durão, que não cai muito bem no atual presidente.
Outro de índole governista
Outro parlamentar que jogou no time de Eduardo Braga e que nesta quinta-feira mostrou de que lado está na Assembleia Legislativa é Adjuto Afonso (PP), do partido da vice de Braga, Rebecca Garcia, Afonso foi o relator da matéria que deu o cheque em branco para o governo gastar como quiser o dinheiro dos fundos especiais. Rejeitou todas as emendas da oposição e mostrou que está muito bem do lado de lá.
Cegos e surdos
Enquanto a oposição se retorce para argumentar durante as discussões de projetos polêmicos, como os votados nesta quinta-feira, os deputado aliados, que já chegam no parlamento com o voto combinado, não dão atenção nem ouvidos. Fingem que não há ninguém no plenário e agem como se o orador não existisse. No fim das contas, os parlamentares falam apenas para as câmeras da TV Assembleia, que tem audiência zero.
Garras de fora
O apagado deputado David Almeida (PSD), que dificilmente sobre à tribuna ou usa o microfone da bancada, na votação dos projetos polêmicos botou as garras de fora e chegou a gritar com colegas. Em dado momento, usou o microfone sem autorização do presidente para gritar que parlamentares estavam deixando o plenário sem votar. “Eles são pagos com o dinheiro da população e não podem ir embora”, disse.
Veja o vídeo em que Belão e Marcos Rotta batem boca