Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Duas distribuidoras de gás no Amazonas, a AmazonGás e a Fogás, faturam, em média, por dia, mais de R$ 1 milhão com a venda de botijas de gás de cozinha, o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). Por mês, a receita ultrapassa os R$ 31,6 milhões, um lucro de quase de 200%, segundo a Fegás-AM (Federação das Empresas Revendedora de Gás Liquefeito do Amazonas).
A média de distribuição mensal no Estado é de 525 mil botijões. No ano passado, foram vendidos 6,3 milhões de botijões de 13 quilos, segundo o Sindigás (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo).
O presidente da Fegás-AM, Fernando Feitosa, disse, em entrevista ao ATUAL, nesta segunda-feira, 7, que as duas distribuidoras de gás no Estado compram os botijões da Petrobras por um valor de R$ 23,32 e repassam aos revendedores a R$ 57,58 (AmazonGás) e R$ 60,22 (Fogás).
“Os revendedores passam a receber a culpa do preço do gás sem serem os responsáveis dos altos valores. O lucro fica com as distribuidoras, que ganham quase 200%. Nós, revendedores, ficamos com menos de 10%, pois recebemos os botijões das distribuidoras por R$ 60 e temos que revender a um valor de R$ 70”, disse o presidente da Fegás.
Na verdade, considerando o preço da Petrobras para as distribuidoras (R$ 23,32 em março deste ano) a Fogás, ao repassar a R$ 60 às revendedoras, eleva o preço em 158,23%. No caso da Amazongás, que repassa a R$ 57,58, o preço é elevado em 146,91%. Nessa cadeia, está embutido no preço final em média R$ 10,84 em impostos.
Investigação
Fernando Feitosa disse que a Fegás entrou com um representação no MP-AM (Ministério Público do Amazonas) há pouco mais de um ano pedindo explicação sobre o preço do gás fornecido pelas distribuidoras. “Ficamos sem entender o motivo de o preço do gás ser repassado para o revendedores nesse volume. Fica uma margem muito grande para as distribuidoras, sem uma explicação, pois eles recebem os botijões por pouco mais de R$ 23. E nós somos obrigados a revender a um valor superior a R$ 70, ficando um dos mais caros do País, sendo que temos uma refinaria no nosso Estado”, disse o presidente da Fegás.
Feitosa explicou que no Amazonas existem apenas as duas distribuidoras, que apesar de serem as menores do Brasil são as que mais lucram com a distribuição de gás. Ele explicou que tem o objetivo de trazer mais concorrências de distribuidoras para o Amazonas. “Se houver mais distribuidoras, temos certeza que o preço do gás poderia cair cerca de R$ 20 por botijão de 13 quilos”, disse Feitosa.
Falta concorrência
De acordo com diretor administrativo da Fogás, Equias Sobrinho, a falta de concorrência de distribuidoras de gás no Amazonas é um dos motivos que faz com que o preço do gás seja um dos mais altos do Brasil. “Quem sofre com essa falta de concorrência é o consumidor final, que tem que pagar o gás a custos altíssimos. Nosso objetivo é que baixe o gás das distribuidoras para os revendedores, também vamos lutar para a Petrobras vender em preços menores, para beneficiar os consumidores”, disse.
Equias Sobrinho disse que a Fegás tem cerca de 152 associados e pouco mais de 800 revendas legalizadas. Segundo Sobrinho, existe ainda, mais de 2,4 mil revendas que funcionam de forma ilegal.
De acordo com o diretor administrativo da Fegás, existe uma facilidade das distribuidoras para que pessoas abram revendas de gás com maior facilidade, sem as adoções de medidas de prevenção e cuidado.
Falta fiscalização
Fernando Feitosa disse que falta atuação dos órgãos fiscalizadores. Segundo ele, muitos revendedores atuam sem ter os atributos necessários, com trabalhadores avulsos, sem contratos formais e sem o pagamentos de tributos estaduais e municipais.
“Existe um grande perigo para quem trabalha com revenda do gás. Não se pode comercializar próximo de escolas, igrejas e existem medidas que devem ser adotadas, com fiscalização dos bombeiros e atendendo as normas da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis)”, afirmou.
Abaixo, os preços na cadeia do gás GLP (média nacional), divulgado pela Petrobrás:
O preço do gás de cozinha(GLP) está insuportável para o orçamento familiar nesses tempos de austeridade nas políticas do governo federal e de altos níveis de desemprego. Embora tenha sido provocado pela Fegás, o silêncio do MP é assustador. O que é pior, a Petrobrás fatiou, e agora começa a vender as reservas do Pré-sal, um patrimônio gigante que, em última análise, poderia amenizar o preço final dos combustíveis e do gás de cozinha. Fora Temer!