SÃO PAULO – É comum alguém autointitular-se “cristão, conservador da direita” e levar suas ideologias religiosas para a política, como se a diversidade não existisse e os problemas sociais fossem meros detalhes que podem ser facilmente adiados para abrir espaço a dogmas religiosos. Antes que me ataquem, eu nasci em uma família cristã e hoje tenho um relacionamento de simpatia com o Cristianismo, o que não cancela a minha vontade e direito de comentar sobre alguns pontos que não casam com o que penso.
Visitei algumas páginas no facebook e sites conservadores, a maioria defendiam coisas absurdas que em nada pareciam com o que a sua religião prega. É curioso ver tanta gente ansiar por violência, vingança com a desculpa de que todo esse discurso ferrenho é para que comece a haver justiça no Brasil. São posicionamentos absurdos como, apoiar a volta da ditadura e defender a teoria de que nunca houve sequer uma pessoa que fosse torturada na época do militarismo no Brasil.
O debate público não comporta o pensamento religioso, pois questões de convicção pessoal não podem servir como baliza para decisões que envolvem toda uma sociedade — que inclui também ateus, agnósticos e pessoas das mais diversas religiões
O Brasil é um Estado laico. Assim como a maioria dos países do mundo, não tem uma religião oficial e garante constitucionalmente a liberdade de credo para todos os seus cidadãos. Entretanto, desde 1891 — quando o catolicismo deixou de ser a religião oficial do país — as instituições religiosas participam do debate público, em certos casos fundamentando inúmeras posições com base na fé e na doutrina. Com a bancada evangélica nos holofotes, o tema voltou a ganhar relevância no espaço público.
Na opinião da professora de Direito Constitucional da UFPR Vera Karam de Chueiri, o debate público não comporta o pensamento religioso, pois questões de convicção pessoal não podem servir como baliza para decisões que envolvem toda uma sociedade — que inclui também ateus, agnósticos e pessoas das mais diversas religiões. “O argumento religioso não pode entrar no debate público. As razões sempre devem ser de ordem pública, e não individual”, resume.
Extremos não funcionam em nenhum lugar do mundo, religião e política é uma mistura altamente explosiva. Onde não há respeito com a diversidade não pode haver democracia, onde não há democracia reina o caos.
Muitos parlamentares evangélicos, posando de arautos da moralidade, usam a tribuna do parlamento ou as redes sociais para condenar os outros em nome de Deus, em nome da família, em nome dos bons princípios, mas não se importam de conviver com o seu próprio rosário de pecados, quando o assunto é corrupção.
Esquecem-se que vivemos em um Estado laico, onde a Constituição assegura a liberdade de crença e de culto a todos os cidadãos, de modo que ninguém é obrigado a agir e a pensar como evangélicos pensam, cada qual é livre para, desde que legalmente, buscar a felicidade e realizar-se como pessoa da forma que bem entender.
Recentemente, a exposição QueerMuseu, em Porto Alegre, virou alvo de ataques verbais injustos, carregados de ódio por parte de diversos parlamentares evangélicos em todo o país, sob a alegação de que se trata de uma manifestação artística “imoral”.
Para mim, imoral mesmo é a corrupção que assola o país; imoral é ver todo dia notícias sobre parlamentares federais vendendo seu voto, conforme amplamente divulgado na mídia, para salvar seus pares fartamente acusados de crimes de corrupção, de desvio de verba pública, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, mas que continuarão impunes em razão da política do “toma lá, dá cá” praticada nos almoços e cafés de parlamentares e ministros, programados para esse fim.
Olá, gostei de seus artigos estão bem informativos, parabéns por passar informações de qualidade as pessoas.
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