Por Cinthia Guimarães, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – O aumento de 42,5% para os consumidores de alta tensão no Amazonas, que começa a valer dia 1.o de novembro vai agravar mais ainda o crítico cenário da indústria local, o que pode significar aumento dos custos de produção, perda de competitividade dos produtos fabricados em Manaus, redução do consumo e até consequente corte de funcionários. Quem fez o alerta foi o vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Nelson Azevedo.
“O percentual é extremamente alto, é uma dose pra matar o paciente. Geralmente dar mais de 40% é muito crítico”, disse.
A energia elétrica é um insumo de grande relevância no processo produtivo da atividade econômica, desde a transformação da matéria prima até a exportação, especialmente em um estado dependente economicamente da indústria.
“Neste momento é um valor que naturalmente vai ter reflexo direto na competitividade dos nossos produtos. No cenário de crise, com certeza vai incidir no corte no consumo. Temos juros altos, energia subindo, aumento de toda a cadeia produtiva. Vai ter uma retração maior na produção industrial, porque é muito difícil um aumento desse porte”, avaliou Azevedo.
O reajuste foi quatro vezes maior que a inflação oficial (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no ano que bateu 9,49% no acumulado dos últimos 12 meses. Enquanto o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) – outro balizador de reajustes -somou 9,82% no mesmo período.
Prova de que a situação é crítica é que a produção industrial no Amazonas caiu 12,8% nos últimos 12 meses, sendo o pior resultado entre as 15 regiões brasileiras pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Só no mês de setembro houve queda de 2,2%.
Má qualidade do serviço
O dirigente e industriário também ressaltou a má qualidade na distribuição da energia elétrica no Amazonas, com as quedas constantes do serviço tanto para o consumidor residencial quanto para industrial e comercial, o que não justifica, segundo ele, o aumento exorbitante na conta. “Se fosse uma energia confiável era uma coisa, mas temos deficiência no fornecimento e distribuição de energia. De vez em quando tá faltando energia em algum local. E as indústrias não estão concentradas só no distrito, estão por toda a cidade e também sofrem com os apagões”, pontuou.
O cálculo leva em conta a aquisição e a transmissão de energia elétrica, bem como os encargos setoriais. Os custos típicos da atividade de distribuição, por sua vez, são atualizados com base no IGP-M. Os encargos setoriais (10,54%) e o custo da energia (24,11%) foram os principais fatores que conduziram ao índice de reajuste da Amazonas Energia.
A data base para reajuste da energia elétrica no Amazonas é feita todo ano em novembro, de acordo com o contrato da distribuidora de energia requere o índice de reajuste para a Aneel, que pode ou não autorizá-lo.