Por Daniel Carvalho e Talita Fernandes/ Da Folhapress
BRASÍLIA, DF e RIO DE JANEIRO, RJ – A fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente pretendida por Jair Bolsonaro (PSL), caso ele seja eleito, não é consenso na bancada ruralista. Integrantes da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) divergiram sobre este tema em reunião nesta terça-feira, 16.
Eles temem que, ao se juntar as duas pastas, o responsável pelo ministério tenha que cuidar, além de questões do agronegócio, de problemas de lixo e esgoto das cidades, por exemplo.
“Houve uma polêmica grande lá. Como será isso? Meio Ambiente não é só agropecuária. Tem cidades, problema de aterro sanitário, infraestrutura. Vai isso tudo para a Agricultura? Iria fatiado? Essa ideia precisa ser detalhada”, afirmou à reportagem a deputada Tereza Cristina (DEM-MS), presidente da FPA.
Para evitar que um elefante branco caia no colo deles, os ruralistas estão preparando um estudo sobre a junção dos ministérios, analisando experiências semelhantes em outros países.
A bancada ruralista já recebeu sinalização de Bolsonaro de que terá voz na escolha do próximo ministro, mas, segundo Tereza Cristina, nomes só começarão a ser discutidos depois que o grupo entender qual a ideia para o ministério.
“A FPA não discutiu nomes com o candidato. Ele disse que, se eleito, a Frente ajudaria ele a indicar o ministro da Agricultura. Não pensamos em nome, não discutirmos nome. Hoje discutimos se seria bom juntar o Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura”, afirmou.
Tereza Cristina disse ainda que não há restrições do grupo a nenhum nome e que o próximo ministro não terá que ser, obrigatoriamente, um parlamentar.
“Não vai ser uma coisa goela abaixo. Não necessariamente tem que ser um deputado. Por que tem que ser? Já tivemos tanga gente boa que não era deputado, senador”, ponderou a deputada.
A indicação de um nome para a Agricultura já causou divisão na base ruralista. A publicação, pela Folha de S.Paulo, do nome do presidente da UDR, Nabhan Garcia, para a pasta, incomodou parte do setor.
Há quem defenda o nome de Luis Carlos Heinze (PP-RS), eleito senador, para o cargo. A indicação, contudo, poderia comprometer a promessa de Bolsonaro de não fazer loteamento político de seus ministérios.
O candidato tem dito que não distribuirá cargos a partidos da base, mas que ouvirá ruralistas para escolher um nome de peso para a pasta.
Além disso, causou desconforto a aliados de Bolsonaro o fato de representantes da FPA terem vindo ao Rio de Janeiro duas vezes em menos de uma semana.
A presidente da Frente esteve na casa do candidato no dia 2 de outubro para declarar apoio à sua candidatura. Uma semana depois, no dia 10, voltou ao local acompanhada de 17 parlamentares.
Uma segunda visita foi vista como forma de pressionar o presidenciável na escolha do ministro e da pauta para o setor.
Atualmente, a FPA é composta por 227 deputados e 27 senadores. De acordo com a presidente da Frente, “90% dos produtores rurais apoiam Bolsonaro”.