Por Cinthia Guimarães, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – Mais um mês que a indústria amazonense deu sinais de enfraquecimento com recuo de 19,9% na produção de abril em relação ao mesmo período ano passado. A queda representa o pior resultado entre as 15 regiões industriais pesquisas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esta é a 13ª taxa negativa consecutiva neste tipo de confronto, desde março de 2014.
Depois do Amazonas, os Estados que apresentaram as piores quedas neste período foram Ceará (-14,7), Bahia (-12,8), São Paulo (-11,3) e Mato Grosso (-7,7).
Em relação a março, a produção industrial de abril mostrou retração de 5,1%, após avançar 0,5%.
O prejuízo acumulado no primeiro quadrimestre de 2015 é de 18,2% contra a queda de -9,9% no mesmo período de 2014. Nos últimos doze meses, o recuo foi 12,5% em abril de 2015.
Com seis das dez atividades pesquisadas assinalando taxas negativas, o resultado negativo foi alavancado principalmente pelos setores de maior faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM): duas rodas e equipamentos eletroeletrônicos. De acordo com os indicadores na comparação com abril de 2015 e abril de 2014, a produção do setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos caiu 41,5%, o de equipamentos de transporte apresentou queda de 32,2%), pressionados, sobretudo, pela menor produção de televisores; e de motocicletas e suas peças, respectivamente.
Os demais recuos vieram dos segmentos de bebidas (-8,5%), de produtos de borracha e de material plástico (-20,4%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-10,3%) e de impressão e reprodução de gravações (-8,5%), explicados especialmente pela queda na produção de preparações em xarope para elaboração de bebidas para fins industriais, no primeiro ramo; de peças e acessórios de plástico para a indústria eletroeletrônica e pré-formas de garrafas plásticas, no segundo; de aparelhos elétricos de alarme para proteção contra roubo ou incêndio, conversores estáticos elétricos ou eletrônicos, baterias e acumuladores elétricos (exceto para veículos), disjuntores para tensão menor ou igual a 1kv e fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, no terceiro; e de discos fonográficos, no último.
Fora da lista
Diretor da Tecnicolor e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, disse que a situação no Estado é pior que os demais porque os produtos fabricados em Manaus não estão na lista de prioridades do consumidor brasileiro.
“Os segmentos que fabricamos não são produtos que estão na lista de prioridades do consumidor. Há desconfiança do consumidor quanto ao futuro do emprego e tudo isso faz com que o consumo diminua”, observou.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, ressaltou que os setores menos afetados são os de bebidas e alimentação, mesmo assim não estão crescendo. Este cenário sem perspectivas, segundo ele, se deve por uma economia desaquecida por decisões de governo, o que eleva a desconfiança do investidor que atualmente não tem segurança jurídica para investir no Brasil.