Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – O procurador da República Leonardo Sampaio de Almeida, do MPF (Ministério Público Federal no Amazonas), que atuava na investigação das denúncias feitas pelo ex-secretário Gilberto de Deus e que contribuíram para a abertura de inquérito contra o senador Omar Aziz (PSD-AM), foi removido da Procurador da República no Amazonas três dias depois de a informação sobre o inquérito vir a público.
A Assessoria de Comunicação do MPF informou que a remoção não tem relação com o processo investigado por Leonardo Sampaio e que já estava em curso antes da divulgação do inquérito contra Omar Aziz. De acordo com a assessoria, Leonardo Sampaio e outros três procuradores participaram de concurso de remoção realizado pela Procuradoria Geral da República.
Os demais procuradores removidos do Amazonas são Carlos Augusto Guarilha de Aquino Filho, Aldo Campos da Costa e Andrea Costa de Brito. Os substitutos, segundo a assessoria de comunicação, só devem chegar ao MPF depois do recesso forense, que começa dia 20 deste mês e se estende até 6 de janeiro.
Participação na investigação
O procurador Leonardo Sampaio teve participação importante no andamento da investigação das denúncias feitas pelo ex-secretário de Estado de Infraestrutura e ex-superintendência Estadual de Habitação no Governo Melo Gilberto Alves de Deus.
Gilberto de Deus levou à Procuradoria Geral da República, ainda em 2015, uma série de documentos que reuniu na curta passagem pelas duas pastas no governo. Entregou tudo ao procurador Eugênio Aragão, que à época era auxiliar do procurador-geral Rodrigo Janot. Mas o processo não andou, porque dependia de apurações da Polícia Federal no Amazonas e do Ministério Público Federal também no Amazonas.
Em outubro, Gilberto de Deus foi convidado pelo procurador Leonardo Sampaio para prestar depoimento sobre o caso, na sede do MPF. A audiência foi marcada para o dia 11 de novembro.
Escritório arrombado
Um fato curioso: no dia 10 de novembro, um dia antes de ser ouvido pelo procurador Leonardo Sampaio de Almeida, Gilberto de Deus teve o escritório arrombado e bens, como um computador pessoal e um HD com arquivos digitais, levados. No local, os arrombadores deixaram um bilhete com a frase “Tá pensando que tu não morre”. O caso foi levado à Polícia Federal e à Polícia Civil e ainda está sob investigação.
No dia seguinte, 11 de novembro, Gilberto de Deus foi ao Ministério Público Federal, e prestou depoimento. Contou tudo o que sabia e apresentou as provas que tinha.
Enquanto isso, no Supremo Tribunal Federal, o processo contra o senador Omar Aziz que investiga suspeita de irregularidade em licitação na Seduc para contração de uma empresa do grupo Tiradentes de Comunicação, estava sem andamento desde agosto.
Envio de informações
As informações prestadas por Gilberto de Deus foram encaminhadas a Brasília e chegara à Procuradoria Geral da República.
No dia 6 de dezembro o processo teve uma movimentação. E no dia 11, o ministro Marco Aurélio Melo decidiu acatar o pedido da Procuradoria Geral da República de instauração de inquérito contra o senador Omar Aziz.
Na decisão do ministro, há menção às investigações do Ministério Público Federal a respeito das denúncias apresentadas por Gilberto de Deus, que lançam suspeitas não apenas sobre o senador, mas sobre outros membros do poder, como um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado.
O ministro Marco Aurélio também decidiu compartilhar com o Ministério Público Federal no Amazonas os documentos e informações colhidas ao longo do processo para que outras pessoas envolvidas e sem foro privilegiado pudessem ser investigadas, além de autorizar as diligências pretendidas pela Procuradoria-Geral da República.