Em sessão do Supremo Tribunal Federal, diz o ministro Ricardo Lewandowski: “Eu concedo a palavra à eminente ministra Carmem Lúcia, nossa presidenta eleita, ou presidente?”
Em resposta, observa Carmem Lúcia: “Eu fui estudante e eu sou amante da língua portuguesa. Eu acho que o cargo é de presidente”.
E, ao fundo, com marcada ironia, ouve-se Gilmar Mendes: “Seria uma presidenta inocenta”?
Bem, os diálogos antes reproduzidos, com imagens gravadas, espalharam-se como vírus pelas redes sociais, “viralizaram”, segundo neologismo muito usado pelos internautas. Pelas palavras da ministra Carmem Lúcia, culta e independente, tem-se um enterro nem um pouco discreto e muito menos edificante para o termo presidenta, com o qual Dilma Rousseff exigiu ser tratada, desde que assumiu a Presidência da República.
Durante sua desastrosa gestão, a lulopetista fez escola, a tal ponto que a senadora Vanessa Grazziotin proclamou da tribuna do Senado que “uma presidenta inocenta está sendo retirada do poder”, com a decretação do impeachment. É realmente inocenta, tanto quanto a senadora Gleisi Hoffmann, coitadinha, vítima da sanha persecutória do Ministério Público, ao lado de seu marido – o notório Paulo Bernardo. A história dos 100 milhões de reais, retirados dos aposentados brasileiros, não significaram nada mais do que uma irrisória contribuição a quem sempre atuou em nome e no interesse dos trabalhadores. Uma remuneração justíssima, paga de forma espontânea e prazerosa, via empréstimos consignados, que jamais seriam concedidos sem a prestimosa e indispensável interferência de próceres de alto coturno da república lulopetista.
Portanto, nada a reclamar, a não ser contra as surradas elites, para sempre inconformadas com o sucesso espetacular da administração lulopetista. Afinal, como insiste em ressaltar Lula, Dilma e quejandos, nunca na história do Brasil um governo alcançou níveis tão elevados de progresso econômico e social. A crise é obra de ficção, alcançou-se o pleno emprego e não se tem um único desempregado no país. Não há recessão, o Brasil cresce a todo vapor e continuamos vivendo no melhor dos mundos. Alguma escorregadela, aqui e ali, não terá a menor expressão, será sempre transitória, por conta do difícil momento da economia internacional.
No jogo político do bem contra o mal, dos ricos contra os pobres, com espelho na divisão da sociedade entre nós e eles, sob o manto do PT e de seus líderes maiores, de concreto, o golpe, o golpe orquestrado pelas elites contra as instituições e contra o estado democrático de direito. Resume-se a uma vingança de quem perdeu nas urnas, numa ação permanente contra a honradez e a competência da presidente Dilma Rousseff, autêntica e verdadeira, que jamais mentiu ao povo, coerente com todos os princípios que defendeu em sua última campanha presidencial. O impedimento da presidente é uma farsa e o voto do senador Antônio Anastasia não passa de uma grande fraude. Com tais considerações é formulado o discurso de Vanessa e Gleisi, repetido à exaustão ao longo dos trabalhos da Comissão de Impeachment, agora reiterado como cantilena no plenário do Senado. Uma e outra, alternadamente, fazem “pas de deux” com Lindberg Farias, outro imolado pela Lava-Jato, nervosinho e raivoso, no interminável balé da insensatez que os move na defesa do retorno da “presidenta” e de seus sonhos megalômanos de poder.
Dilma pode ser inocenta, quando se refere à “mosquita” ou afirma que “Portugal não é Europa”, que “a Zona Franca de Manaus é o centro dela mesma” ou que se engasgou consigo mesma. Também quando se admite uma “roraimada”, ao falar em Roraima, ou que o prefeito do Rio de Janeiro é o melhor prefeito das galáxias e não da Via Láctea, dentre outras sandices. No entanto, jamais conseguirá posar de inocente diante de tantas suspeitas de corrupção que sitiam seu governo, desde a Casa Civil, com sua amiga do peito Erenice Guerra, passando pelos financiamentos eleitorais cr iminosos de sua campanha, até o monumental escândalo da Petrobras, com a aquisição de Pasadena.
É evidente que Vanessa Grazziotin, representante do nosso sofrido Amazonas, a mais enérgica, resistente e extremada advogada de Dilma, sabe dos esquemas de corrupção que dominam o governo, como qualquer brasileiro. Ainda assim, na tribuna parlamentar e no jornal Folha de São Paulo, teima em negar o óbvio, agora de amplo conhecimento da Nação. Vai fundo no patrocínio temerário e indefensável da presidente afastada, mas o que consegue é servir de chacota, com essa asneira de “presidenta inocenta”. Chegou finalmente ao Supremo Tribunal Federal, pelo lado do opróbio, uma vergonha para o povo amaz onense, que jamais teve uma representação política tão deplorável.
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