Da Redação
MANAUS – A Prefeitura de Manaus pediu à Secretaria de Estado de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) que investigue os ataques a ônibus em Manaus, na noite dessa quinta-feira, 23. Conforme o prefeito em exercício Marcos Rotta (PMDB), a suspeita é de ação orquestrada para prejudicar o sistema. “Tem algo muito estranho acontecendo e me parece de forma orquestrada dentro do sistema. Deixei claro ao Sinetram (Sindicato das Empresas do Transporte de Passageiros do Amazonas) que, se alguma situação similar acontecer novamente, vai nos dar o direito de revogar o reajuste do sistema de transporte público”, disse Rotta, ao se referir ao novo valor da passagem de ônibus, de R$ 3,80, que entrar em vigor neste sábado, 25.
“O Sinetram não vai mais tomar decisões de forma unilateral como a que tomou de retirar ônibus de circulação porque eles não gerenciam o sistema. Eles estavam com toda a salvaguarda de segurança para continuar operando e, agora, jogar para os motoristas e cobradores essa responsabilidade, nós não vamos aceitar”, afirmou Rotta.
Conforme o prefeito, a SSP mobilizou cinco equipes de investigadores para apurar as ocorrências. Um ônibus foi queimado e outros três danificados. “Tem muitas imagens que comprovam que houve uma orquestração de ações. É de interesse da Prefeitura de Manaus que todos os pontos sejam aclarados”, disse.
Rotta classificou como “irresponsável e precipitada” a atitude de retirar os veículos de circulação e deixar a população sem opção de transporte público na noite desta quinta-feira. “Ontem (quinta) o presidente do Sinetram ligou para o secretário da SSP (Sérgio Fontes) fazendo um relato da situação. O secretário orientou a não retirar os ônibus de circulação e garantiu ao sistema a disponibilidade de dois policiais militares para cada ônibus que estava em circulação naquele momento. Então, veja que tem algo muito estranho”, avaliou Rotta.
“Temos a garantia do secretário de Segurança do Amazonas que mais policiais estrarão entrando no sistema, à paisana, para acompanhar essa situação. Eu fui muito claro com o Sinetram contestando a forma como eles fizeram a retirada dos veículos. Eles, em nenhum momento, procuraram a Prefeitura ou compartilharam qualquer tipo de ação conosco. Estamos acionando a Procuradoria Geral do Município para ver quais as medidas que a Prefeitura pode vai adotar sobre o caso”, disse Rotta.
Gasolina e arrependimento
Preso em flagrante com um galão de gasolina na noite dessa quinta-feira, 23, o desempregado Wilson Soares da Silva, 46, disse que pretendia incendiar ônibus. Em depoimento à Polícia Civil, Wilson disse que agiu sozinho ao atear fogo em um ônibus da linha 500 (Centro/zona leste) e que agiu para protestar contra o aumento da tarifa.
Wilson negou que esteja a serviço de empresários do setor de transporte público ou de políticos para tentar desestabilizar o sistema de transporte. “Estou desempregado, andando atrás de emprego. Jamais tive a intenção de ferir ninguém. Pedi para todo mundo descer e joguei a gasolina no capo e pronto”, disse. “Eu estou desesperado porque passo necessidade, ando todo dia atrás de emprego, tenho que pedir da minha mãe dinheiro para poder me locomover, para poder comer. Não tenho nada a ver com político ou sindicato. Meu desespero foi porque as portas estão fechadas pra mim”, declarou Wilson, que não conseguiu explicar porque usou o dinheiro que tinha para comprar gasolina em vez de investir na busca de emprego.
“Eu tenho que almoçar, merendar. Comprei o combustível para minha mãe fazer um foguinho e tenho lá num balde. Não era para incendiar o ônibus. Gente, estou desempregado há seis meses. Peço desculpa a todos. Não sou bandido, não sou traficante, não uso drogas. Tomo uma cervejinha quando dá. Foi um desespero. Estou arrependido profundamente da besteira que eu fiz. Peço perdão à minha mãe que deve estar muito triste com isso”, disse o desempregado.
“Não tenho nada a ver com facção, sou um homem batalhador, mas o desemprego faz a gente fazer isso. Poxa vida, todo dia saio e não consigo nada. Ando a pé, as vezes peço carona de motorista, uns dão e outros não dão. Eu trabalhei na Via Verde (empresa de ônibus) como manobrista, mas hoje estou desempregado”, justificou.