Quem acompanhou as eleições para a Prefeitura de Manaus em 2012 deve lembrar da jogada de marketing que, na época, o candidato a prefeito Arthur Neto (PSDB) e o seu então vice, Hissa Abrahão (PPS), utilizaram para arrebanhar o eleitorado feminino da capital, que, naquele pleito, somavam 616.119 eleitoras, o equivalente a mais da metade dos eleitores da cidade (52,29%). Era o chamado movimento “Mulheres de Manaus” comandado pelas esposas dos ‘cabeças de chapa’, Gorethe Garcia (mulher de Arthur) e Amanda Abrahão (esposa de Hissa) que reunia as manauenses em torno da candidatura do tucano e tinha como objetivo debater propostas de campanha para consolidar direitos das mulheres na capital amazonense. Por sinal, o movimento tem seu perfil no facebook preservado até hoje.
Com uma logomarca um pouco mais enfeitada para massificar o número do candidato, o grupo levava às mulheres de classe média e da periferia da cidade a promessa de que na administração tucana as políticas públicas para as mulheres sairiam do papel com a ‘inauguração’ da primeira Secretaria da Mulher. Quem andava lado a lado da turma lembra bem que o discurso ‘pró-mulher manauara’ era carregado de ‘emoção’ fazendo muitas vezes as líderes do movimento caírem em lágrimas nos comícios onde lamentavam que a mulher em Manaus sempre era desvalorizada pelo Poder Público e só era lembrada em época de eleição.
Passaram-se menos de três anos daquela disputa e, nesta quinta-feira, 15, Arthur ‘anunciou’ que a pasta que tinham como principal finalidade garantir os direitos das manauenses seria extinta e reduzida a uma ante-sala da primeira-dama.
Não que a secretaria fosse a salvação para a ausência de projetos voltados às políticas públicas na área, mas o seu esquecimento é, no mínimo, um tapa na cara daquelas que acreditaram nas promessas do movimento de 2012. Agora, resta a essas órfãs aguardarem novas promessas para o ano que vem…
Cortes não incluem gasto com publicidade
Entre as 14 medidas anunciadas pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), para reduzir os gastos da prefeitura e enfrentar um período de crise, que segundo ele o país está passando, não foi incluída nenhuma para conter o derrame de dinheiro com publicidade registrada nos dois primeiros anos da gestão dele na Prefeitura. Em 2013, foram R$ 45,7 milhões. No ano passado, subiu para R$ 67,4 milhões. Questionado por uma jornalista se não iria cortar gastos com publicidade, Arthur deu a seguinte resposta:
“A gente tem despesas obrigatórias. Sempre é bom economizar, agora, tem despesas obrigatórias [virando-se para a repórter que fez a pergunta] – não sei se teu patrão vai gostar muito de ouvir isso – tem despesas obrigatórias e tem as campanhas institucionais, que são fundamentais, esclarecer o que se passando na cidade; nós vamos ter este ano, mais pro final do ano, vamos ter mídia nacional para o Réveillon, pretendemos fazer alguns eventos, a mídia nacional é muito cara. É uma coisa pra gente tá se vendo. A recomendação é de se ter muito cuidado com os gastos”.
O próprio segurança na Seminf
Sete dias após afirmar que será o Secretário de Obras de Manaus, Arthur escolhe para figurar como titular da pasta o próprio segurança, o coronel da Polícia Militar (PM) Alexandre Moraes. Moraes respondia, antes, pela Casa Militar e era responsável por garantir a integridade física do prefeito nas caminhadas e dentro dos órgãos públicos. O que mais chama atenção é que o coronel não carrega nenhuma experiência em seu curriculum no setor. No dia 8 deste mês, Arthur chegou a confidenciar a jornalistas que ele mesmo gostaria de ser oficializado secretário de Obras, mas a Lei Orgânica do Município o impedia de acumular essa função. A Seminf é a pasta com o terceiro maior orçamento do município para 2015, com R$ 295,2 milhões, atrás apenas da Semed e da Semsa.
Pura falácia
Existe coisa mais falaciosa do que dizer que o novo secretário não entende do assunto, mas será assessorado por jovens competentes e por um senhor experiente na área? Foi o que disse Arthur Neto ao anunciar o coronel Alexandre Moraes como titular da Seminf. Para o bom entendedor, o militar vai atuar mais como policial do que como gestor, já que o próprio Arthur admitiu, na semana passada, que há roubo de material na secretaria.
Em busca de mídia
Ao anunciar ‘à prestação’ a definição de seu secretariado, o prefeito Arthur Neto atendeu a uma orientação de seus assessores que lhe informaram ao ‘pé do ouvido’ que esse tipo de coletiva poderia garantir mídia durante duas semanas. Ontem, na coletiva o que se viu, na verdade, foi o mais do mesmo já que a única mudança concreta foi a substituição do comando na Secretaria de Obras e a extinção da Secretaria de Governo, incorporada pela Casa Civil.
Cadê a Secretaria de Segurança?
Principal tema dos programas eleitorais de Arthur Neto e Vanessa Grazziotin nas eleições de 2012, a segurança pública vem sendo esquecida na reforma administrativa do prefeito. Tanto é que ele nem comenta o assunto apesar de Manaus apresentar um dos maiores índices de criminalidade proporcional à população do País com uma média de 64 assassinatos registrados ao mês, segundo a própria Secretaria de Segurança. Quando candidato, Arthur Neto prometeu diversas vezes que criaria a Secretaria Municipal de Segurança Pública, equipando a Guarda Municipal para dar apoio à Polícia Militar. Guardas consultados pela coluna afirmaram que, em muitos casos, a prefeitura não dá conta nem de garantir o fardamento para a tropa.
Seguro-desemprego
No dia em que a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que fraldava o seguro-desemprego, o Governo do
Amazonas anunciou para esta sexta-feira,16, um mutirão para atender à demanda que sofre nas filas para dar entrada no pedido do benefício. O problema que gerou a fila foi uma queda no sistema do seguro, iniciada no início de dezembro passado nos PACs da Cidade Nova, Alvorada e Compensa, e que só nesta semana foi sanado.
‘Digam que fico’
O humor da secretária de Trabalho do Estado, Maria Francinete Correa de Lima, estava em alta nesta quinta-feira, 15, depois de encontro com o governador José Melo (Pros). Na secretaria, a aposta é de que ela, que estava cotada para a degola no novo governo, seja mantida no cargo.
Comportamento
Um dos motivos para que Melo mantenha a Setrab sob o comando do PT foi a crítica feita por Vicente Felizolla – cotado para o cargo – contra os problemas no cadastro de trabalhadores para recebimento do seguro-desemprego, no início deste mês. Ele chegou a culpar a secretaria estadual para tentar livrar a cara do Sine Manaus, ligado à prefeitura.