Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), afirmou nesta quinta-feira, 7, em Manaus, que o governo federal analisa, “com muito rigor e muito carinho”, o decreto do presidente Michel Temer (PMDB) que mudou o enquadramento da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) para a fabricação de extrato de concentrados de refrigerantes no Polo Industrial de Manaus (PIM), tirando da indústria local o direito à isenção de PIS/Confins, Imposto de Importação (II) e o Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI).
“Estamos fazendo um estudo sobre isso, a questão dos concentrados. Estamos analisando com muito rigor e muito carinho”, declarou Meirelles, após palestrar na sede da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam).
Segundo Meirelles, o chefe da Receita Federal, Jorge Rachid, o acompanhou na visita a Manaus para tratar assuntos de interesse do PIM, entre eles, o decreto que trata da fabricação de concentrados. Para os empresários do setor, se a decisão do governo federal não for revista, a produção local será inviabilizada.
Incensado por congressistas do Amazonas da base de Temer, como o senador Omar Aziz (PSD) e Pauderney Avelino (DEM), Meirelles evitou durante sua palestra opinar sobre a ZFM (Zona Franca de Manaus). Quando falou, provocado pela imprensa, elogiou o modelo, sem assumir grandes compromissos com o setor.
“É um modelo de sucesso, defendido no mundo todo. O que estamos fazendo é verificando as condições específicas para que Manaus possa continuar crescendo e o Amazonas também. Agora, é importante mencionar que aqui, para que o Estado continue a crescer, e a cidade de Manaus continue a crescer, temos que ter a economia brasileira crescendo”, disse o ministro.
Críticas
Opositora ao governo de Temer, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) fez críticas à passagem de Meirelles por Manaus. Segundo a comunista, o ministro não teria cumprido compromisso de reunir a bancada parlamentar do Estado para discutir a perda de incentivos fiscais à fabricação de extrato de concentrados de refrigerantes.
Para Vanessa, a vinda do ministro ao Amazonas se resumiu à palestra na Fieam, que para ela serviu muito mais aos interesses eleitoreiros de Meirelles. “É vergonhoso. O Amazonas está prestes a perder um segmento econômico importante, que gera cerca de 14 mil empregos, e o ministro vem fazer campanha”, criticou Vanessa, por meio de matéria produzida pela assessoria dela e encaminhada à imprensa. O ministro da Fazenda, filiado ao PSD, é pré-candidato à sucessão de Temer em 2018.
Segundo a assessoria da senadora, ela antecipou viagem para Manaus nesta quinta, 7, na expectativa de reunir com Meirelles, mas recebeu apenas o convite para ser integrante da plateia da palestra do ministro. “Em audiência no final do mês passado, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, cobrado pela senadora, o ministro se comprometeu a reunir com a bancada em Manaus para debater o problema dos concentrados”, informou a assessoria de Vanessa.
Candidatura
Questionado se será mesmo candidato em 2018, Meirelles disse que este é um assunto que só será tratado em março do próximo ano. Será neste mês que quem ocupa cargo público deve se desincompatibilizar para poder ficar apto à eleição.
“Estou totalmente dedicado ao cargo de ministro da Fazenda e a colocar o Brasil para crescer cada vez mais. A data de decisão sobre candidatura para quem ocupa cargo público é até o final de março. E o que vou fazer é me dedicar 100% ao cargo de ministro da Fazenda. No final de março, aí sim, vou avaliar essa situação e tomar uma decisão sobre um possível passo seguinte”, afirmou o ministro.
Salvador
Na plateia de admiradores do ministro pré-candidato ao Planalto, o governador Amazonino Mendes (PDT) elogiou o trabalho do ministro, que para ele está salvando o Brasil.
“Ninguém aqui nesta sala me viu fazer um discurso como estou fazendo hoje. Estou inspirado pela sua história e o seu comportamento. O senhor está salvando o Brasil. Falo como cidadão. O senhor me dá alento, me faz pensar a acreditar que o País tem jeito. Apesar dos pesares, das dificuldades que o senhor e o governo enfrentam, o senhor baixou o juros, baixou o índice de desemprego. E hoje o senhor já chegou às mentes dos empresários, que voltaram a investir com a recente condição e ressurgimento da economia nacional”, disse o governador.
O presidente da Fieam, Antônio Carlos Silva, também demonstrou entusiasmo com o trabalho de Meirelles na Fazenda. Após defender o modelo econômico do Amazonas e cobrar o retorno para o Estado de uma fatia maior dos recursos produzidos pela indústria da ZFM e retidos pelo governo federal sob a justificativa de compor o superávit primário, o empresário elogiou o ministro.
“A confiabilidade das medidas adotadas pela sua gestão está ajudando o País na retomada do ambiente estável para o investimento sustentável e de longo prazo, como atestam todos os indicadores”, declarou Silva.
Previdência
Na sua palestra, Meirelles apresentou uma série de indicadores que apontam para a recuperação da economia. Para ele, este cenário tem sido possível graças à agenda de reformas do governo Temer, que deve continuar. O Planalto corre contra o tempo para tentar aprovar a Reforma da Previdência antes do final do ano.
Questionado se ainda falta votas para aprovar o projeto, Meirelles admitiu que sim, mas que há evoluções. “Ainda faltam votos. Mas isso é um processo em evolução. A cada semana é melhor que a semana anterior”, disse o ministro.