Por Maria Derzi, da Redação
MANAUS – Dividido entre duas coligações na candidatura à Prefeitura de Manaus, o Comitê Estadual do PPS já se decidiu. O presidente regional, José Augusto de Souza Rodrigues – o Guto, disse que o partido não pretende integrar a coligação “Mudança para Transformar”, do candidato Marcelo Ramos (PR), e deve optar pelo apoio à reeleição do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), da aliança “Por uma só Manaus”. O Comitê Municipal declarou apoio a Marcelo Ramos.
O racha se transformou em processo na Justiça Eleitoral. Após audiência de conciliação na manhã desta segunda-feira, 22, Guto disse que a decisão caberá mesmo ao juiz das eleições, Marcelo Manuel da Costa Vieira. “Isso será decidido no âmbito jurídico com nossos advogados”, declarou.
Guto foi chamado a defender o posicionamento do partido na audiência, que teve ainda representantes dos dois candidatos a prefeito que disputam o apoio do PPS. O tempo do partido no horário eleitoral fixo, inclusive, não foi considerado para distribuição da propaganda eleitoral dos candidatos na TV.
Conforme o dirigente, a opção pela coligação ‘Por uma só Manaus’ é em função da coincidência de ideias políticas. “A maioria dos 155 candidatos do PSS estão no Drap (Demonstrativo de Regularidade de Atos Partidários) de uma coligação que aponta para o campo democrático, com o PMDB e com o PSDB. Deve-se observar que nosso partido sempre se pautou nas questões desse campo e conseguimos eleger candidatos como Abreu Alves e João Tomé e Luiz Castro (Rede) por quatro vezes, além de Hissa Abrahão (PSD) por três vezes”, disse. Castro e Hissa também disputam a Prefeitura.
O presidente do PPS explicou que Marcelo Ramos não possui propostas alinhadas com o PPS, por estar num partido “mais conservador” e teria suas propostas de campanha mais alinhadas com outras legendas como PROS, DEM, PSD e PTdoB. “Nós, infelizmente, não teríamos condições porque estamos alinhados, no âmbito nacional e estadual, preferencialmente, com o discursos a favor do impeachment. O discurso do partido está desse lado e por isso causou esse impasse. Ao coligarmos com Marcelo Ramos, o discurso do nosso partido ficaria inviabilizado”, disse.
Guto declarou que a decisão caberá à Justiça. “O que tínhamos que encaminhar no lado político, a gente já fez. Não posso falar sobre a decisão do juiz”, afirmou.
O Diretório Municipal, que decidiu apoiar Marcelo Ramos, está sob intervenção do Comitê Estadual. Em carta à direção regional do partido, o coordenador nacional eleitoral Wober Lopes Pinheiro Júnior, do Diretório Nacional, pede que seja suspensa a intervenção e prevaleça a decisão de apoio político definida na convenção. “Assistimos com muita preocupação os acontecimentos que transformaram o Diretório Municipal do PPS de Manaus em uma praça de guerra, longe de qualquer prática partidária que conforma nossa tradição democrática. Como consequência, corremos o risco de o partido não participar do processo eleitoral com o mínimo de viabilidade e segurança jurídica”, disse o dirigente.
Novo rumo
O juiz Marcelo Vieira não deu um prazo para anunciar a decisão. “Essa audiência foi marcada antes do PPS ter se manifestado no processo. Eu queria entender a questão da dissidência e da intervenção que foi feita no partido. Como eles se manifestaram durante o final de semana, por escrito, as razões deles já são do meu conhecimento. Essa audiência teve carácter informal, que não precisava mais produzir nenhum tipo de prova. Agora, eu vou definir”, declarou.
Marcelo Vieira disse que a solicitação de registro nas candidaturas é infração à legislação eleitoral. “Eu vou ter que definir para onde vai essa situação. Todas as hipóteses são possíveis: ou um ou outro ou nenhum dos dois ou os dois. A decisão política é deles. Após a minha decisão, eles vão poder recorrer. Eu estou tentando intervir porque isso faz parte da questão do registro. A questão do tempo quem vai definir são as juízas da propaganda”, explicou. “Eles causaram esse problema e, como eles não conseguiram resolver, isoladamente ou com as coligações, eu vou ter que definir”, afirmou.
Os advogados de Marcelo Ramos e Arthur Neto, presentes na audiência, não quiseram se manifestar sobre o apoio do PPS aos candidatos majoritários.
A reportagem não conseguiu contato com o diretório municipal. O presidente destituído, Edinaldo Sousa, não quis se manifestar sobre assunto.
Abaixo, a carta do Diretório Nacional do PPS sobre a intervenção: