MANAUS – O PPS, partido que nacionalmente é a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), incluiu no material de divulgação que preparou para a manifestação deste domingo, em Manaus, o “Fora Arthur”, contra o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB). Com o slogan “Nossa indignação não é seletiva”, o Movimento Brasil Decente, formado por membros do partido, puseram em uma faixa e em panfletos três hashtags: #ForaDilma, #ForaCunha e #ForaArthur.
A iniciativa do PPS, que prepara o lançamento da candidatura de Hissa Abrahão a prefeito de Manaus em 2016, desagradou os partidários de Arthur. Alguns manifestantes quiseram arrancar a faixa que foi colocada na lateral de um dos carros de som, alugado pelo partido de Hissa, mas foram demovidos da ideia, para não dispersar ainda mais o movimento, que foi incipiente: cerca de 1.500 pessoas participaram da manifestação pró-impeachment.
O presidente estadual do PPS, Guto Rodrigues, que discursou durante o evento, mas não falou do prefeito, afirmou ao AMAZONAS ATUAL que o partido colocou o #ForaArthur pelo resultado do levantamento da Controladoria Geral da União e do Ministério Público Federal sobre transparência no município. Manaus ficou nas últimas colocações no ranking de transparência. Questionado porque não foi incluído o #ForaMelo, que também ficou muito mal no ranking da transparência, Guto Rodrigues disse que o movimento ali representado era uma manifestação do PPS Municipal. “Quando foi uma manifestação da Estadual, nós vamos incluir o governador”, disse.
Na saída da concentração para a marcha pró-impeachment houve um princípio de tumulto, quando manifestantes pró-Arthur criticaram os partidários de Hissa Abrahão. No microfone do carro de som, o animador chegou a pedir respeito à posição do Movimento Brasil Decente, e criticou a gestão municipal.
O diretor do Procon Municipal, Alessandro Cohen, membro do PSDB e um dos defensores da gestão de Arthur, chegou à Praça do Congresso quando o movimento se preparava para a marcha. Parou o carro no meio da rua, desceu, fez filmagens com o celular e depois que os manifestantes saíram em caminhada, ele deixou o local de carro.
Baixa adesão
A manifestação pró-impeachment de Dilma, que os organizadores divulgaram como um “esquenta para o impeachment”, teve baixíssima adesão, comparada às manifestações anteriores, realizadas neste ano contra a presidente da República. A reportagem do AMAZONAS ATUAL calculou cerca de 1.500 pessoas.
Outro aspecto foi a falta de organização do movimento. Diferente de anos anteriores, quando os “cabeças” se revezavam ao microfone, neste domingo, o movimento parecia acéfalo. Jovens desinformados discursavam “abobrinhas” para um público que parecia não querer ouvir. Um dos jovens chegou a dizer que era preciso tirar a presidente Dilma do poder porque ela estava acabando com a família brasileira. Citou como exemplo a Lei da Palmada, que proíbe os pais de bater nos filhos. “Eu apanhei muito, de cinturão, de galho de cuia, e hoje sou um cidadão de bem”, disse o jovem.
Depois de alguns discursos, uma das organizadoras tomou a palavra e disse que ninguém mais falaria até o momento da marcha. “Não vai mais haver discurso. Vamos botar música até o momento da caminhada”, disse. Não havia música e os caminhões ficaram em silêncio, apenas com o ronco dos motores ligados.
A marcha seguiu o mesmo trajeto das anteriores, com saída da Praça do Congresso pela Avenida Ramos Ferreira, na contramão, depois Getúlio Vargas, Joaquim Nabuco e Djalma Batista.
Confira as imagens da manifestação feitas pelo jornalista Valmir Lima: