As informações de bastidores dão conta de que as pesquisas internas dos candidatos ao governo do Estado mostram números conflitantes com os das pesquisas de intenção de voto registradas nos tribunais eleitorais e divulgadas oficialmente. Nesta semana, apareceu uma “onda” de “vira-vira” nas redes sociais segundo a qual o governador José Melo (Pros), candidato à reeleição, está caminhando para uma virada nos números, superando Eduardo Braga (PMDB). Oficialmente, os números ofuscam essa tendência.
O que está ocorrendo, então, com os institutos de pesquisa? Nada. O que mudou foi o comportamento dos que as encomendam, por imposição da Lei Eleitoral, do mercado e da audiência dos meios de comunicação, que se sustenta com base na credibilidade do que divulga. Ninguém ousa mais, como se fazia outrora, mascarar os números descaradamente, para beneficiar o candidato ‘A’ ou ‘B’.
Em um passado não muito distante, as empresas de comunicação contratavam um instituto de pesquisa de fora do Estado para realizar a pesquisa ao gosto de quem bancava os custos, ou seja, dos próprios candidatos. Como não havia compromisso do instituto com o Estado e sua gente, ficava somente o rastro de um trabalho malfeito, que poderia, quem sabe, ser consertado na próxima eleição.
Agora, a situação mudou. Cada empresa de comunicação passou a ter o seu próprio “instituto” de pesquisa. Com algumas exceções, as pesquisas vinculam o resultado e a credibilidade ao nome da empresa que a divulga. Com isso, há um cuidado maior com o resultado e ninguém ousa apresentar dados tão disformes. Os números são muito parecidos nas pesquisas divulgadas recentemente no Amazonas e todos sustentam que refletem a realidade.
Outro aspecto a considerar é que a Lei Eleitoral, agora, obriga os institutos a divulgarem a metodologia, os locais pesquisados e uma série de dados que possibilitam maior controle do resultado. Essas informações estão disponíveis a qualquer cidadão, e há previsão de punições para quem descumprir as regras.
Os candidatos continuam por trás da maioria desses “institutos”, pagando pelo trabalho realizado, muitas vezes através de terceiros, mas para o bem de todos e a felicidade geral da nação, os gestores desses institutos têm mais respeito à vontade do eleitorado. Todos eles querem, no final, bater no peito e dizer que acertaram. Do contrário, a eleição pode significar o fim de um negócio lucrativo.
Os números ainda podem mudar até o dia 5 de outubro. E isso também é uma característica das novas pesquisas: à medida que se aproxima o pleito, mais os números se refletem a vontade do eleitor, exatamente porque não há mais tempo para mudanças no quadro eleitoral a partir dos dados falsos, como se fazia antes.
Mas até aqui, o que se vê são os institutos apresentarem números equilibrados. No dia 5 próximo, poderemos tirar a prova e julgar se o trabalho merece credibilidade.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.