Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – A 13 dias da definição das candidaturas para a eleição suplementar ao Governo do Estado, pesquisas eleitorais, publicadas nesta quinta-feira, 1, apresentaram dados com interpretações divergentes sobre os três principais pré-candidatos – Eduardo Braga (PMDB), Amazonino Mendes (PDT) e Marcelo Ramos (PR) –, considerando os quesitos intenção de votos e rejeição.
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A divergência de números e interpretações de cenários eleitorais não são exatamente uma novidade, como também não são novidades erros e acertos que institutos de pesquisas já registraram no Estado às vésperas da eleição. O fator incomum desta vez da guerra das pesquisas, que envolve os dois principais institutos locais a #Pesquisa365 e a Action Pesquisa de Mercado, é o período em que as divergências ocorrem.
Em geral, a confusão que as pesquisas causam sobre os cenários ocorrem às vésperas da votação e, desta vez, o fight é travado a poucos dias da definição dos candidatos. No momento em que há um jogo de bastidores para “estrangulamento” de adversários e o risco real de que um deles sequer tenha o nome nas urnas. Com os resultados, nesta quinta-feira, foi dada uma colher de chá para Marcelo Ramos, o alvo das últimas semanas, e Braga ficou na berlinda.
Cenário 1
A #Pesquisa365, do empresário e analista político Durango Duarte, mostrou que o senador Eduardo Braga “caiu fortemente” na intenção de votos em Manaus após as delações de executivos da empresa JBS. Com base nisso, assegurou que há para Braga “elevadíssimo risco de sofrer uma nova derrota” por “não possuir mais nenhuma gordura”.
Além disso, a #Pesquisa365 mostra um cenário de segundo turno com vitória de Marcelo Ramos (41,5%) sobre o Eduardo Braga (37,6%). O instituto destacou ainda que a vitória de Ramos sobre Braga, se o segundo turno fosse hoje, seria por uma diferença de 3,9%. Na última pesquisa, a vitória era de Braga numa diferença: 2,3%.
Cenário 2
Horas depois, no mesmo dia, a Action Pesquisa de Mercado divulgou pesquisa em que Braga lidera, com folga, todos os cenários do primeiro e segundo turnos, mesmo após a delação da JBS. A pesquisa Action mostra Braga (36,8%) com mais que o dobro de votos dos principais adversários atuais: Amazonino Mendes (16,8%) e Marcelo Ramos (16,6%).
Na pesquisa Action, Braga (45,9%) vence Amazonino (30,3%) no segundo turno com uma diferença de 15 pontos percentuais. Marcelo Ramos (34%) também seria derrotado com folga por Braga (47,8%) se a eleição fosse hoje, segundo o levantamento, com uma diferença de 13,8 pontos percentuais.
A primeira publicação teve impacto imediato de repercussão negativa para Braga. A segunda neutralizou um pouco o efeito da primeira. As duas influenciaram as conjecturas e negociações políticas que se estenderam por este final de semana e para a próxima semana. As dúvidas no eleitorado comuns neste período voltaram em que pese o respeito e ataques que os dois institutos recebem no meio político: quem está certo?
Os pesquisadores
O pesquisador Afrânio Soares, da Action Pesquisa de Mercado, afirmou que não existe possibilidade de que duas pesquisas com resultados diferentes estejam certas no mesmo momento. “Pesquisa é ciência. Se você usou as ferramentas científicas corretamente (…). Às vezes é metodologia, às vezes cara de pau mesmo. Não posso falar pelos outros. Apenas pela Action e nós usamos as metodologia científica”, afirmou Afrânio Soares.
Provocado com a mesma pergunta, Durango Duarte respondeu: “Ou uma está certa e a outra errada, ou o contrário, ou as duas estão erradas”, afirmou.
Os dos pesquisadores afirmaram, no entanto, que nenhum resultado a esta altura do campeonato é o que vai ser revelado pelas urnas no dia do pleito. E que demonstram o que pensa o eleitor no momento da pesquisa.
Talvez essa ponderação de ambos ajude a explicar um pouco a diferença entre os resultados. A pesquisa da Action ouviu 1.673 eleitores em 12 municípios entre os dias 18 e 24 de maio. A #Pesquisa365, 1.70o eleitores uma semana depois da Action, segundo Durango Duarte, em oito municípios.
“Pesquisa é uma mera fotografia do momento. Muitos acontecimentos influenciam a cada momento e isso é muito dinâmico (…). Agora, criticar o resultado quando não se está bem, ficar feliz quando está bem, isso é normal dos políticos. Eu não fico sem dormir por isso e acho que o Afrânio também não. Não fico preocupado com a reação dos caras”, afirmou Durango Duarte.
Pesquisa x cliente
Afrânio disse que insinuar que um instituto faz pesquisa que beneficie o cliente é um erro porque a Action, por exemplo, é contratada por vários políticos em anos eleitorais e em anos não eleitorais. Em 2014, segundo Afrânio, as pesquisas da Action apontavam a derrota de Braga.
“Todos os que estão no circuito são clientes da Action. A Action não faz só para o Braga, atendemos ao Omar [Aziz], Wilker [Barreto], Marcelo Serafim e o pai dele [Serafim Corrêa], Pauderney [Avelino]… E fazemos pesquisa por nossa conta para publicar porque somos cobrados de certa forma e porque os clientes nem sempre querem dar publicidade às pesquisas que eles contratam” disse.
Os dois institutos, segundo os seus presidentes, aplicam com rigor as metodologias científicas e o treinamento dos pesquisadores que vão a campo coletar as informações. As duas pesquisas publicadas na quinta-feira, segundo Afrânio Soares e Durango Duarte, foram feitas com pesquisadores que partiram de Manaus e coletaram os dados em cada um dos municípios do interior, além dos que circularam nas zonas da capital.
Os dois afirmam também que após a coleta de dados, os institutos aplicam constantes avaliações dos pesquisadores e novas estatísticas, possíveis de fazer a partir da sede, com as pessoas ouvidas na pesquisa para validar as respostas.
“Processo dinâmico”
Durango diz que “intenção de votos é um processo dinâmico” e que publicou a pesquisa no dia seguinte ao finalizar a coleta. “Ele (Afrânio) publicou sete dias depois que o campo tinha sido feito. Como se ele não fosse publicar a pesquisa. Não sei o que aconteceu e não cabe a mim julgar. A única coisa que posso dizer é que a minha pesquisa, por isso, é mais atual. Não estou dizendo que a minha é a correta e a outra errada. Mas esta é uma variável”, disse.
Afrânio afirmou que as pesquisas em série que a Action tem feito também apontaram perda de pontos na intenção de votos para Eduardo Braga, após as novas delações da Lava Jato. Mas, para ele, é incorreto fazer comparação porque os cenários são diferentes.
“Existiu um abalo sim (na intenção de votos de Eduardo Braga). Os números que têm na outra pesquisa batem com os nosso. Houve uma queda de quatro ou cinco pontos. Mas a anterior também tinha outros nomes. Só dá para comparar cenários de queda ou subida com os mesmos nomes. Não se deve fazer esta comparação se não forem os mesmos nomes. Nossa pesquisa não chegou dessa forma para o que as pessoas mostram com os números do Marcelo”, disse Afrânio Soares.
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