MANAUS – O governador José Melo, em discurso nesta quarta-feira, 25, na sede do governo, durante solenidade de posse do secretário de Produção Rural, Sidney Leite, disse que vai “lutar com todas as armas que tem” para evitar o “roubo do mandato” dele. Melo se referia a uma eventual derrota na Justiça Eleitoral em pelo menos nove ações que pedem a cassação do mandato dele. “Lutei tanto para chegar onde cheguei para roubarem o meu mandato da forma que querem roubar. Ninguém vi roubar o meu mandato”, disse o governador.
A única via que pode levar Melo à perda do mandato é o da Justiça Eleitoral. Ele responde a uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) ajuizada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) por uso da estrutura da Polícia Militar na campanha de 2014, quando concorria à reeleição, e a pelo menos oito ações de autoria da coligação “Renovação e Experiência”, do candidato concorrente Eduardo Braga (PMDB). Entre essas há duas Aije. Uma por compra de votos no caso denunciado em reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, no início deste mês. Outra por suposto uso de dinheiro publico na campanha eleitoral. Neste segundo caso, a coligação de Braga alega que o governo liberou inúmeros pagamentos a empresas prestadoras de serviços do Governo do Amazonas e dias depois essas mesmas empresas fizeram doações para a campanha, o que caracterizaria abuso do poder econômico e político.
Em função da reportagem do Fantástico, o Ministério Público Eleitoral decidiu abrir inquérito para apurar a participação de Evandro Melo, o irmão do governador, no caso denunciado; e encaminhar ao procurador-geral eleitoral, em Brasília, os fatos envolvendo o governador, para que a procuradoria analise a possibilidade de ajuizar uma ação por crime eleitoral contra Melo no Tribunal Superior Eleitoral.
Melo já havia negado, por ocasião da reportagem do Fantástico, qualquer participação da campanha dele com ilicitudes no processo eleitoral. Antes e depois da reportagem, o governo arregimentou um batalhão de blogueiros e pessoas com inserção efetiva nas redes sociais para desconstruir as denúncias apresentadas. A tática usada, no entanto, foi tentar ‘adesivar’ no adversário Eduardo Braga a pecha de mentor de um “terceiro turno” das eleições para tentar tomar o mandato no tapetão.
Agora, sem citar nomes, Melo fala em roubo do mandato, caso sofra uma derrota na Justiça Eleitoral. “Não posso ficar calado ouvindo pessoas insinuarem que 865 mil pessoas no Amazonas foram compradas em uma eleição. Vou lutar com todas as armas que tenho, e eu tenho muitas”, disse. Depois do discurso, questionado pela imprensa, o governador afirmou que se referia “às armas constitucionais”.