Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – O analista político e presidente do Instituto Action Pesquisas de Mercado, Afrânio Soares, avalia que a quantidade de pré-candidatos a Prefeito de Manaus, que chegou a 14 esta semana, deve fechar em oito ou nove nomes com a entrada, nas negociações de alianças, do senador Eduardo Braga (PMDB) e do governador José Melo (Pros). Na opinião de Afrânio Soares, um número grande de pré-candidaturas favorece os interesses do prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB). O pesquisador avalia que os grupos devem tentar estourar balões de ensaio com base em estratégias para o segundo turno.
“Quatorze, treze candidatos é algo complicado. Qual seria a razão prática dessa quantidade alta de candidaturas? Rachar toda a movimentação de oposição ao prefeito [Arthur]? Uma interpretação é que, se a oposição se distribui em mais candidatos, enfraquece seus candidatos fortes e, no segundo turno, há uma possibilidade menor de Arthur enfrentar alguém que ele não gostaria de enfrentar”, disse.
Afrânio Soares afirmou que, com base nas sinalizações deste momento, a tendência não é uma diminuição maior que oito candidaturas. “Minha opinião é que não fecha assim em 14, 13. A quantidade de candidatura deve reduzir para oito ou nove até as convenções (…) Um número de desistência maior, acho que não. Em 2012, não se esperava nove porque o padrão era cinco ou seis. E, no entanto, se teve nove candidatos”, afirmou.
O analista afirma que apostar em muitas candidaturas é arriscado porque, mesmo com muitos nomes, a disputa pode polarizar entre Arthur e um candidato que se destaque mais na largada da campanha. “Uma quantidade muito grande de candidatos também é risco de polarização. Como ocorreu na eleição passada ao Governo do Amazonas. Havia muitos candidatos, o Marcelo acabou funcionando como uma terceira via e tendo uma boa votação, mas o quadro foi polarizado entre José Melo e Eduardo Braga. Então, eu ainda acho que vai reduzir e fechar em oito ou nove candidatos”.
Nas Eleições 2014, sete candidatos disputaram o cargo de governador do Amazonas, mas Melo (43,04 % dos votos válidos) e Braga (43,16% dos votos), no primeiro turno, receberam quase 90% dos votos válidos. Os outros cinco candidatos somaram 13,81% dos votos, sendo que Marcelo Ramos ficou com 10, 94% (179.758 votos) dos votos válidos. A terceira via recebeu menos votos que o número de eleitores aptos ao voto que se abstiveram no pleito: 433.813.
Para Afrânio, até mesmo com oito ou nove candidaturas há riscos da polarização. “Muitos candidatos poderia ficar com votação de 1% ou algo em torno disso”, disse.
O analista político vê fragilidades nas pré-candidaturas dos deputados federais Conceição Sampaio (PP) e Hissa Abrahão (PDT). Afrânio considera que essas siglas, até então na órbita do PMDB, não conseguiram compor uma aliança que desse um tempo razoável para exposição e entrada no páreo da disputa. A falta de retaguarda, na opinião de Afrânio, também fragiliza a candidatura do vice-governador Henrique Oliveira, que até agora só conseguiu fechar com os nanicos PMB e PRTB. Ainda trabalha com a possibilidade de fechar com o Pros do governador José Melo.
“Sozinhos podem ficar com algo em torno de um minuto de tempo de TV. Não conseguiram retaguarda. A pré-candidatura em cima da hora pode ser para conseguir uma composição mais interessante também”, opinou.
Neste contexto, Afrânio considera que o empresário e presidente do PP, Francisco Garcia, deve considerar os riscos de perder uma vaga na Câmara de Deputados, em Brasília, com a saída de Conceição para ser vice de Arthur Neto. Mas também a possibilidade do tucano se reeleger e, em dois anos, deixar a prefeitura para disputar o Senado, encurtando a distância do PP ao comando da prefeitura.
“Pode estar em negociação essa suposição: a do prefeito não vir a concluir o segundo mandato e disputar a eleição ao Senado. Não é algo que estava fora dos planos de vida dele. Um acidente de percurso o tirou deste rumo quando Arthur perdeu a vaga para Vanessa. Se isso não tivesse ocorrido, o planejamento dele era ter seguido como líder da oposição. Quem sabe se esse plano original foi desfeito ou modificado? Ele não poderia estar se preparando para, em dois anos, entrar na disputa ao Senado e encerrar sua carreira no parlamento?”, questionou Afrânio.
Afrânio Soares afirma que as pré-candidaturas lançadas até sexta-feira também tem como justificativa a ausência do processo de negociação de alianças, até agora, por exemplo, do senador Eduardo Braga. Esta semana, em entrevista ao AMAZONAS ATUAL, o pré-candidato do PMDB Marcos Rotta admitiu que está aguardado, na reta final das articulações, a entrada de Braga para dar força à coligação que vai lançar o nome dele.
“A entrada de Braga pode ajudar Rotta a convergir algumas pré-candidaturas para fortalecer o seu nome. Com certeza vão tentar convergir”, afirmou o analista.
Para Afrânio Soares, a participação tímida do governador José Melo (Pros) não significa que ele não esteja alinhado com seu grupo político. “Talvez esteja mais quieto por causa das preocupações com a crise econômica que atinge a administração. Com as defesas nos processos de cassação. Mas de alguma forma deve estar dando apoio ao senador Omar Aziz, que tenho visto em maior atividade nos bastidores”.
Afrânio considera ainda que parte das candidaturas também tem o objetivo de marcar posição e criar capital político e eleitoral para os próximos pleitos. Os deputados federais que entraram na disputa não têm, teoricamente, muito a perder porque não precisam deixar os cargos. “Existem candidaturas para marcar posição, pensando na próxima eleição para disputar um outro cargo. Alguns deputados federais talvez queiram isso. Disputar o Senado. Podem estar pensando: O que eu tenho a perder? A ganhar, têm a projeção do nome”, avaliou.
Nota da Redação
Depois da entrevista com Afrânio Soares, dois candidatos já saíram da disputa: o presidente estadual do PCdoB, Eron Bezerra (o PCdoB indicou Yann Evanovick para vice de José Ricardo do PT) e Abdala Fraxe (PTN), que ensaiou lançar-se candidato, mas o partido decidiu coligar com o PSDB, do prefeito Arthur Virgílio Neto. Restam, portanto, 12 pré-candidaturas.
Veja como está o quadro de pré-candidatos:
Arthur Virgílio Neto (PSDB) – Convenção no dia 5 de agosto
Marcelo Ramos (PR) – Convenção realizada no dia 23 de julho
Henrique Oliveira (SD) – Convenção no dia 5 de agosto
Marcos Rotta (PMDB) – Convenção no dia 5 de agosto
Serafim Corrêa (PSB) – Convenção realizada no dia 23 de julho
Silas Câmara (PRB) – Convenção no dia 5 de agosto
Hissa Abraão (PDT) – Convenção no dia 5 de agosto
José Ricardo (PT) – Convenção realizada no dia 30 de julho
Chico Preto (PMN) – Convenção no dia 5 de agosto
Conceição Sampaio (PP) – Convenção no dia 5 de agosto
Luiz Castro (Rede) – Convenção no dia 5 de agosto
Marco Antônio Queiroz (PSOL) – Convenção no dia 5 de agosto