Do Estadão Conteúdo
CURITIBA – Em audiência nesta quarta-feira, 13, na Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa Civil, Governos Lula e Dilma) “está preso há mais de um ano e tem o direito de querer ser livre”. A audiência de Lula durou mais de 2 horas.
“Parece que tem uma caça às bruxas. Eu tenho lidado com muita paciência. Eu vi o depoimento do Palocci, não respondi nada, não falei nada. Muita gente achou que eu ia chegar com muita raiva do Palocci. Eu achei que o Palocci tá preso há mais de um ano, o Palocci tem o direito de querer ser livre, tem o direito de querer ficar com o pouco do dinheiro que ele ganhou fazendo palestra, ele tem família. Tudo isso eu acho. O que não pode é se você não quer assumir a tua responsabilidade pelos fatos ilícitos que você fez, não jogue em cima dos outros.”
Na semana passada, Palocci rompeu o silêncio, fez um relato devastador e entregou o ex-presidente, a quem atribuiu envolvimento com o que chamou de “pacto de sangue” com a empreiteira Odebrecht que previa repasse de R$ 300 milhões para o governo petista e para Lula.
“Eu fiquei muito preocupado com a delação do Palocci, porque ele poderia ter falado ‘Eu fiz isso de errado, eu fiz isso’. Ele, espertamente, disse, ‘não é que eu sou santo’ e pau no Lula. ‘Não é que eu sou santo’, que é um jeito de você conquistar veracidade na tua frase. Eu fiquei com pena disso”, afirmou.
Ex-presidente disse a Moro que “entende que o processo é ilegítimo, é injusto, eu prefiro falar”. “Eu talvez seja a pessoa que mais queira a verdade nesse processo.”
Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sobre contratos entre a empreiteira e a Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, os repasses ilícitos da Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal. O montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo do Campo de R$ 504 mil.
Delação sem prova não deveria valer para condenar uma pessoa. Se a moda pega, doravante qualquer um poderá acusar outra pessoa de roubo sem que precise apresentar provas.
Se surgirem provas cabais de que o Lula cometeu algum crime, que seja ele julgado e condenado como qualquer cidadão. O que não se pode é condenar alguém com base apenas em “convicções”, boatos, fofocas, disse-me-disse, como ocorre no caso das delações
Não concordo com isso. Fica parecendo que querem a cabeça do Lula de qualquer forma, a todo custo, mesmo sem provas, para tirá-lo das eleições de 2018.