Por Karina Palmeira, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – O delegado-geral da Polícia Civil, Orlando Amaral, confirmou denúncia de funcionários de uma empresa que terceiriza mão de obra na Delegacia Geral, que estão desde junho sem receber salários, mas afirmou que o pagamento não depende dele. “O atraso existe, mas o problema não pode ser resolvido por mim. Para solucionar isso, depende de dinheiro e quem tem o dinheiro é o Estado, que ficou de passar o dinheiro da JM ainda esta semana, após o pagamento, nós vamos fazer o repasse para a empresa”, explicou Amaral.
Além dos salários dos funcionários da empresa JM Serviços Profissionais Construções e Comércio Ltda., os estagiários contratados pela Aades (Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico e Social) para prestar serviços na Delegacia Geral também estão sem receber as bolsas e o vale-transporte.
Uma estagiária da Polícia Civil, que pediu para não ser identificada, enviou mensagem ao AMAZONAS ATUAL pedindo ajuda para tentar receber o pagamento pelos serviços prestados. “Sou estagiária da polícia civil. Vejo que vocês sempre publicam notícias a respeito do atraso do pagamento, e quando isso acontece, de repente aparece dinheiro na nossa conta, mas infelizmente sempre fica um mês dentro e sem previsão para pagar, estamos sem receber o mês de junho e julho, sendo que o pagamento era pra ser feito dia 5 de cada mês. Agora quando ligamos ninguém tem previsão de nada, um joga pro outro, é uma vergonha e falta de respeito com os estagiários”, relatou a estagiária.
Segundo os funcionários da empresa JM Serviços, o descaso com o pagamento acontece desde janeiro e o salário atrasa de dois a três meses. O delegado Orlando Amaral, disse que alguns funcionários estão desistindo do trabalho e outros alegam que já não tem mais dinheiro para ir ao trabalho. “Parte dos trabalhadores entendem que a culpa não é minha e vão trabalhar, mas outra parte já esta faltando por falta do pagamento”, disse o delegado.
De acordo com relato dos funcionários da Delegacia Geral, há pessoas que estão sendo despejadas por falta de pagamento de aluguel e outros que não têm nem mesmo o que comer ou como alimentar suas famílias e pagar as contas do lar.
Sobre a empresa
A JM Serviços Profissionais Construções e Comércio Ltda é a mesma empresa que fornece funcionários que atuam na limpeza e conservação de hospitais do Governo do Estado, e que foram obrigados a paralisar as atividades varias vezes desde o ano passado, também por falta de pagamento.
A última paralisação ocorreu na quinta-feira, 30, quando funcionários do Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto cruzaram os braços em protesto contra o atraso de dois meses dos salários e fecharam a Avenida Mário Ypiranga Monteiro (antiga Recife), na zona centro-sul.
O Governo do Estado alegou, na ocasião, que o repasse para a empresa não foi feito porque ela e outras que atuam no HPS estavam com débitos de certidões negativas na Secretaria de Estado de Fazenda.
De acordo com o Portal da Transparência do Governo do Estado, a JM Serviços já recebeu, até 11 de agosto deste ano, todo o dinheiro (R$ 4,3 milhões) empenhado pela Delegacia Geral, para prestação de serviços na Polícia Civil. No ano passado, a empresa recebeu R$ 6,1 milhões pela prestação de serviços à Polícia Civil.