MANAUS – Maria de Nazaré Silva do Santos, de 38 anos, precisa fazer uma cirurgia de troca de prótese do quadril. Percebeu que precisava do procedimento em dezembro de 2015, depois de procurar o médico, sentido muitas dores. Desde lá, o quadro de saúde dela só vem piorando. Mas a cirurgia é um sonho distante. Ela está em uma fila do INTO (Instituto Nacional de Traumatologia Ortopédica), no Rio de Janeiro. Na frente dela estão outros 1.093 pacientes à espera de uma cirurgia.
Em abril de 2016, Nazaré não conseguiu mais andar sem a ajuda de uma muleta. “O médico me disse que o quadro tende a piorar cada vez mais. Se não for feita a cirurgia, em breve eu terei que andar de cadeira de rodas”, disse. Ela não consegue andar só na rua e, mesmo com a muleta, não consegue subir ladeira, por exemplo.
A primeira cirurgia foi realizada na Fundação Hospital Adriano Jorge, em Manaus. Na ocasião do acidente, os médicos colocaram uma prótese de titânio. Mas agora, precisa ser substituída por uma de cerâmica e o procedimento não é feito na rede pública de saúde do Estado.
Em Manaus, clínicas particulares realizam o procedimento, mas Nazaré Silva, uma funcionária de uma empresa prestadora de serviço para o Estado e que ganha um auxílio-doença do INSS, não tem condições de pagar. “Eu tentei comprar a prótese no cartão de crédito de um parente. Ela custa entre R$ 24 mil e R$ 35 mil, mas o fornecedor disse que não venderia porque só vende para hospitais particulares”. Uma cirurgia na rede particular fica entre R$ 70 mil e R$ 90 mil.
Tratamento Fora de Domicílio
Como não tem como pagar, Nazaré entrou em uma fila do TFD (Tratamento Fora de Domicílio), um serviço oferecido pela Susam (Secretaria de Estado de Saúde), que banca o tratamento de pacientes fora do Estado. Depois de meses de espera, finalmente no mês passado ela teve a notícia de que estava na fila do INTO. O problema é que ninguém, nem no Estado do Amazonas e nem no hospital do Rio de Janeiro, fazem ideia de quando ela será chamada.
Nazaré Silva não é a única na fila de espera para o Tratamento Fora de Domicílio. As médicas Andreza Neto e Nazaré Lomongi, da Central Estadual de Regulação de Alta Complexidade, que faz a triagem dos pacientes para o TFD, dizem que por mês são encaminhados cerca de 250 a 300 pacientes novos para todas as especialidades médicas.
Desses pacientes cerca de 150 são para procedimentos de alta complexidade. E entre esses que está a paciente Nazaré Silva.
“A fila de espera é no Brasil inteiro, de todos os Estados. E não somos nós que definimos o hospital para onde o paciente será encaminhado. Quem define é o Ministério da Saúde, que tem as unidades referenciadas”, disse Nazaré Limongi.
Na ortopedia, o único hospital credenciado pelo Ministério da Saúde é o INTO. “Todos os pacientes relatam que são muito bem atendidos nesse hospital, mas existe uma fila de espera; não tem como a gente garantir o tempo médio para o atendimento”, disse Andreza Neto.
Enquanto não chega a vez, Nazaré Silva torce para que consiga chegar à sala de cirurgia com os próprios pés.