Engana-se quem pensa que houve, em algum momento da História da humanidade um corpo de instituições políticas das quais o homem possa se orgulhar. Houve, sim, alguns resquícios de seriedade de alguns homens e mulheres membros dessas instituições, mas que só individualmente representaram o desejo uns poucos que sonham com uma sociedade mais justa para todos os cidadãos e cidadãs.
Um dos exemplos, talvez o mais citado da História, é o Senado Romano; mas não demorou 500 anos (na contagem do calendário antigo, aC) para que aquela instituição exemplar tivesse suas funções desvirtuadas e seus membros corrompidos pela sede de poder, a ponto de um grupo de 60 senadores assassinar a facadas o imperador Júlio César.
Nos dias atuais, as instituições não são muito diferente do que foram ao longo da História. A sede de poder própria dos homens e mulheres quando não encontra freios pode ser desastrosa. E só se colocam freios quando há nas instituições homens e mulheres dotados de moral e de virtudes, como ensina Sócrates. E é exatamente o que tem faltado nas sociedades contemporâneas.
No Brasil, principalmente, esses elementos (moral e virtude) andam sempre muito distantes dos que representam as instituições. Apesar de a sociedade arcar com o alto custo dos órgãos de controle: Ministério Público, Tribunais de Contas, Defensoria Pública entre outros, essas instituições atuam sempre em favor daqueles que detêm o poder.
No Amazonas, assistimos a um espetáculo deprimente do Ministério Público do Estado, que, diante de uma série de denúncias contra a administração estadual faz de conta que nada tem a fazer. Omite-se de investigar, pelo menos nesse momento em que doze de seus membros disputam uma vaga de desembargador do Tribunal de Justiça, cuja escolha final será do governador do Estado.
Em outras instituições, como os Tribunais de Contas, o que prevalece são os acordos e não as leis. A máxima “Aos amigos, os favores; aos inimigos, os rigores da lei”, funciona muito bem nessas instâncias de poder.
Diante da falta de controle, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário atuam ao seu bel prazer. Não são poucos os casos que vêm à tona, mas que não encontram ressonância numa sociedade que se acostumou com a corrupção e dela tira proveito o quando pode.
Com o cuidado de não generalizar, como dito acima, as exceções são pontuais; os homens e mulheres virtuosos são contados nos dedos em todas as instituições assim como na sociedade, mas no geral, nenhuma instituição escapa; nenhuma resiste a uma análise rigorosa.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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De quem tu estás falando, afinal? Dê os nomes das pessoas envolvidas para que possamos nos inteirar dos acontecimentos, no Tribunal de Contas, por exemplo.