Por Rosiene Carvalho e Valmir Lima, da Redação
MANAUS – A reunião do senador Omar Aziz (PSD) com a cúpula do PR no Amazonas foi encerrada no final da noite desta quinta-feira, 4, sem a definição de uma chapa para disputar a Prefeitura de Manaus com o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB), que concorrerá à reeleição. O que ficou fechado foi que Marcelo Ramos (PR) vai encabeçar a chapa, mas o nome do vice ficou para a manhã desta sexta-feira, 5, antes das convenções dos partidos que estão no grupo.
“Eu recebo (o apoio do grupo político de Omar) com muita alegria, principalmente porque não muda em conteúdo o que temos feito e apresentado. Não foi preciso colocar condição de lá para cá e nem de cá para lá. Não foi imposto que eu tenho que deixar de falar de algo ou passar a falar de algo. Foi uma aliança às claras e não teve encontro às escondidas”, disse Marcelo Ramos ao ser perguntado pelo AMAZONAS ATUAL sobre a confirmação do apoio, por volta de 0h30 desta sexta.
Marcelo Ramos confirmou, ainda, sua presença na convenção do PSD marcada para a tarde desta sexta-feira. O pré-candidato se negou a comentar sobre o vice na chapa até que o diálogo entre os partidos que vão compor seu arco de aliança seja fechado. Questionado sobre o prazo de 24 para as convenções, ele parafraseou a candidata a presidente em 2014 Marina Silva, sobre a reviravolta que possibilitou a ela a filiação ao PSB. “Ainda temos 24 horas”.
Por volta de 21h de quinta-feira, 4, o senador Omar Aziz disse por telefone à reportagem, que estava reunido com Marcelo Ramos, o presidente estadual do PR, Alfredo Nascimento, o presidente estadual do DEM, Pauderney Avelino, e o ex-governador Amazonino Mendes (PDT), na tentativa de fechar a candidatura do grupo.
A reportagem apurou que o acordo com o PR foi fechado sem a presença de Amazonino, com a participação apenas de Omar, Pauderney, Alfredo e Marcelo Ramos. Depois o grupo foi convidado por Omar a ir à casa de Amazonino tentar o apoio do velho cacique.
Indefinição do vice
A falta de definição do vice de Marcelo Ramos foi resultado de uma resistência do PR, que quer manter Wilson Lima na chapa, como já havia definido em convenção realizada no dia 23 de julho. Omar quer o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, deputado Josué Neto (PSD).
No final da noite de quinta, depois do encontro com Amazonino, a reportagem ouviu Josué Neto, que disse disse não ter participado das reuniões e que não comentaria a citação do nome dele para vice até falar com o senador Omar Aziz, o que só deve ocorrer na manhã desta sexta-feira. “Não é uma decisão de conveniência; temos que decidir pelo que for melhor para Manaus”, disse Neto.
Articulações preliminares
Durante todo o dia de ontem Omar Aziz foi procurado pelos pré-candidatos Silas Câmara (PRB), Henrique Oliveira (SD) e Hissa Abraão (PDT). Omar, no entanto, articulou com os deputados Alfredo Nascimento (PR) e Pauderney Avelino reunião na casa dele com o pré-candidato Marcelo Ramos.
Após horas de conversa, os quatro foram até a casa do ex-prefeito Amazonino Mendes, que deu suas bênçãos à aliança. Interlocutores de Amazonino informaram ao AMAZONAS ATUAL que o ex-prefeito, na verdade, tinha predileção pela pré-candidatura de Hissa, que é do seu partido. Estes mesmo interlocutores indicaram que Amazonino ainda tentou trabalhar, durante o dia de ontem, para que o apoio do grupo se voltasse para Hissa.
A Omar, Alfredo, Pauderney e Marcelo, Amazonino teria alertado sobre a necessidade de não esvaziar outras candidaturas para não correrem riscos sobre a realização do segundo turno. O grupo acredita que, numa disputa em segundo turno, o prefeito de Manaus Arthur Neto e Marcos Rottta saem derrotados. A leitura é de que Rotta não leva seus votos para Arthur.
Outra dica de Amazonino ao grupo é que este pleito ainda não tem uma vítima e que Hissa Abrahão poderia cumprir bem este papel pelas promessas e elogios de Arthur ao deputado antes da Eleição de 2012 e as humilhações sofridas pelo mesmo ao ser demitido ao vivo em um programa de rádio.
Especulações
A quinta-feira foi marcada por especulações que indicavam a possibilidade de Omar Aziz se lançar candidato a prefeito e, num dos cenários, colocar Silas Câmara como vice. A ideia foi rechaçada pelo grupo. Interpretada como fruto de desespero e impulsos de raiva pelas provocações feitas pelo prefeito Arthur Neto por meio de interlocutores e na entrevista na tarde da quinta-feira.
A possibilidade da candidatura de Omar poderia ser um risco muito alto ao senador que, caso não vencesse a disputa, poderia antecipar desnecessariamente comandos para o pleito de 2018.
Outra indicação é que Pauderney Avelino e Alfredo Nascimento se favorecem com a aliança, na possibilidade vitória, com as projeções para 2018 em que estarão em disputa duas vagas ao Senado e uma ao Governo do Estado.
Antes da decisão de Omar Aziz de romper com o apoio à candidatura do prefeito Arthur Neto, o arco de aliança de Marcelo Ramos já contava com PPS, PTdoB, PTC, PEN e o PR. Agora, com a entrada do PSD, DEM e, possivelmente, do Pros, de José Melo, Ramos deve fechar com oito partidos.