Toda semana o Barcelona, o Real Madrid, o Chelsea, o Milan e o Olympia do Paraguai jogam na terça ou na quarta-feira e, também, no sábado ou no domingo. Ninguém é poupado de trabalhar. Nenhum clube se poupa de jogar um torneio, ou campeonato, para jogar outro. Todos estão lá no Camp Nou, no Santiago Bernabéu ou no Giuseppe Meazza. O Mourinho, o Pepe Guardiola, o Coentrão, o Cristiano Ronaldo, o Xavi e o Rei Lion estão lá, no campo de trabalho e teatro de grandes apresentações para o mundo.
No Brasil, oitavo do Ranking Mundial de Futebol, e primeiro no ranking da cafajestagem, malandragem e malazartismo, os jogadores e os técnicos estão sendo poupados do trabalho. O nosso Felipão, um dias desses, foi poupado por ele mesmo e no seu lugar vimos o Murtoza. O Murtoza, ajudante do Felipão, é aquele bigodudo com cara de Sargento Garcia que não quer nem ouvir falar do Zorro, e quando pedem para ele falar… ele corre.
Os brasileiros do futebol são aqueles enjeitados pela CBF que pagam uma NET ou uma SKY, contribuem para que o futebol do Norte, Nordeste e do Centro-Oeste saiam do mapa da bola e ainda são obrigados a ver o segundo time do Flamengo, do Vasco, do Corinthians e do Palmeiras.
Alguém já conseguiu ver o segundo time, ou o juvenil/titular do Flamengo, jogando em um domingo à tarde? Experimentem! É o cão, de tanga, chupando manga!
As empresas que transmitem os jogos deveriam se mancar, e puxar a orelha dos dirigentes dos clubes que recebem uma fortuna para apresentarem um segundo time do Flamengo contra o Vasco. Mudamos o presidente da CBF e, como disse o José Maria Marin, o novo presidente:
– Nada mudou. Vamos dar continuidade ao trabalho do grande “ex- presidente”, que nos trouxe uma Copa do Mundo de Futebol para 2014.
Stalin, o dirigente russo, tido como um dos homens mais carniceiros do mundo, agradeceria se essa genialidade fosse dita no tempo dele, em Moscou. Eu começo a acreditar que a volta do “ex-presidente” também não alteraria grandes coisas no cansado e descerebrado futebol brasileiro.
Vamos lutar, politicamente, para colocar o futebol do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste no calendário e na tabela de ponta do “Brasileirão”. Quando saímos, não foi por critério técnico, foi por “pernada”. O Nacional era um dos doze melhores clubes do Brasil e teve a sua vaga comercializada entre “ficantes” da CBF. Três clubes por região, bem divididos, equilibraria o poder do futebol em todo o Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais sabem que é bom para os cofres.
Aos clubes que poupam seus jogadores de jogar, a torcida deveria segurar seu dinheiro no bolso, e poupar.
A Itália, a Espanha e a Inglaterra jogam o seu campeonato nacional em todas as suas regiões. Imaginem a quantidade de jogadores, roupeiros, cozinheiros, médicos, motorista, macumbeiros, lavadeiras, picolezeiros, garçons, churrasqueiros, massagistas, bilheteiros, porteiros e outros brasileiros, querendo trabalhar na quarta-feira, na quinta-feira, no sábado e no domingo. É muita gente com vontade de aumentar a riqueza do Brasil que também respira, de Brasília para cima.
Só no Brasil que mais de cinquenta por cento do seu território fica parado, assistindo menos de cinquenta por cento jogar futebol, e trabalhar, com o dinheiro dos brasileiros esquecidos.
O tempo dos “ex-dirigentes” passou, só eles não sentiram e pagaram por esse pecado. É muito duro ver o Havelange sendo diminuído no país dele. O homem que fez o futebol ser maior que a ONU. Ele, que foi o maior dirigente esportivo do mundo, de todos os tempos, pecou na saída. E pagou muito caro.
Roberto Caminha Filho, economista, fã do Havelange,
ficou triste com a saída do velho desportista, mas já está alegre,
por um Brasil Olímpico e vencedor. Rei morto, Rei decomposto.