SÃO PAULO – Sempre que chega o dia da consciência negra abre-se uma grande discussão sobre a valorização da cultura negra, as escolas fazem eventos especiais para conscientizar as crianças, a publicidade investe pesado e todo mundo resolve fazer posts nas redes sociais para falar sobre o assunto, porém pouco é falado sobre os números de negros mortos todos os dias por causa do racismo velado nosso de cada dia. Muita gente acredita ou finge acreditar que racismo é coisa do passado, que hoje vivemos em dias de total igualdade entre as raças. Ainda que o Brasil seja um país diverso temos escancarado em nossas caras o mercado de trabalho completamente branco, as universidades onde a maioria é branca, os cursos mais cobiçados são lotados por gente branca, as piores posições são ocupados por negros, motivo? Falta de incentivo à educação, falta de oportunidade de pelo menos uma vez não precisar lutar para sobreviver a uma sociedade preconceituosa e racista. A cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil e sobre esse assunto ninguém parece estar muito disposto a falar, porque é inconveniente tocar nessa ferida, é inconveniente assumir que nossas mãos estão sujas de sangue, seja pela total falta de posicionamento e indiferença ou o racismo direto e escancarado. Todo ano, 23.100 jovens negros de 15 a 29 anos são assassinados. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos. Enquanto a discussão se torna cada vez mais viva, os casos não param de acontecer, seja pelo jovem que foi roubado e ao pedir abrigo foi confundido com o assaltante e apanhado por causa disso, até aquele jovem negro que é seguido no super mercado por ser negro, ou aquele amigo negro que sofre com as brincadeiras dos amigos. Os casos não param de acontecer porque o racismo parece não ter freio e é por isso que precisamos falar sobre isso. Enquanto não houver total conscientização do quanto de culpa carregamos por essas mortes, elas vão continuar acontecendo em massa. Logo após de você terminar de ler esse texto, tomado o cafezinho sentado na sua poltrona favorita, um jovem negro terá sido assassinado no Brasil.
O racismo é um vício social grave e abominável.
Preconceito racial não é um sentimento que brota de repente, da noite para o dia. Ninguém nasce preconceituoso. O racismo, como todas as demais formas de preconceito, é produto de um aprendizado que tem suas raízes, muitas vezes, no seio da própria família ou no meio social no qual se insere o racista.
“Todo ano cerca de 23 mil jovens negros são assassinados. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos.”
Ou seja: um expurgo cruel da raça negra na Terra… E essa constante matança de negros (desculpem-me pelo termo “matança”, mas no momento não me ocorre outro), essa matança de negros, repita-se, que parece natural aos olhos de muitos, tem sido infelizmente prática comum no mundo inteiro.
As ofensas preconceituosas e desprezíveis que se vê todos os dias, sobretudo nas redes sociais, contra nossos irmãos negros são próprias de pessoas frustradas e impotentes, que para se afirmarem na vida como homens ou mulheres procuram transferir para outrem seus fracassos, defeitos e frustrações.
Declarações de teor racista como as do apresentador da Globo, William Waack, e postagens no facebook como as feitas hoje (22) pelo sr. Laerte Rimoli, presidente da EBC, só servem para instigar ainda mais a sanha brutal dos racistas de plantão contra os negros.
Os que alimentam essa insana ilusão de superioridade racial sobre os negros deveriam saber, antes de tudo, que somos todos produto de semelhante genética e filhos de um mesmo Deus. E nesse sentido, somos todos irmãos.