Respeito os votos dos deputados Arthur Bisneto (PSDB) e Pauderney Avelino (DEM). Sempre estiveram na oposição e nunca negaram a vontade de depor a presidente Dilma e o PT do poder. Aos demais parlamentares, só há o que lamentar. Seus votos não refletem coerência, mas conveniência. Faltou coragem aos mandatários de assumir postura mais honrada. E o fizeram em função das manifestações, não da ruas, mas das redes sociais, um ambiente em que os políticos se acostumaram a considerar como se fosse a representação do eleitorado.
Hissa Abrahão (PDT), Marcos Rotta (PMDB), Conceição Sampaio (PP), Silas Câmara (PRB), Átila Lins (PSD) e Alfredo Nascimento (PR), o traidor, votaram contra a presidente Dilma Rousseff. A exceção de Hissa, que caiu no PDT por conveniência, a fim de se viabilizar candidato a prefeito de Manaus, os demais não podem passar para a história como heróis, mas como traidores, porque nunca ousaram criticar o governo – contra o qual agora se voltam como se desconhecessem o que era feito no Poder Executivo.
Esses parlamentares, que nunca representaram e nunca representarão a vontade popular e muito menos os eleitores que os elegeram, votam por conveniência: primeiro, não querem se expor negativamente a uma parcela cega da sociedade que, movida pelo ódio da derrota nas urnas, insiste na tentativa de derrubar a presidente Dilma Rousseff a qualquer custo. Segundo, por enxergarem num eventual governo do PMDB a chance de abocanhar mais cargos do que realmente conseguiram nos anos do governo de Dilma Rousseff.
Esses deputados não pesaram o voto dos eleitores mais humildes. Tratam esses eleitores como os coitados que recebem o Bolsa Família (que consideram a esmola que compra voto) e recebem os benefícios do programa Minha Casa, Minha Vida. Não consideram os eleitores que saíram do escuro e passaram a ter luz elétrica nos mais longínquos quinhões do Brasil herança dos portugueses.
Essa gente só consegue enxergar o imediatismo do voto, mas miram as redes sociais, como se o Brasil estivesse totalmente conectado. Não conseguem sequer enxergar os graves problemas que assola a internet no Brasil, e os roubos institucionalizados à população que está submetida às regras impostas pelas companhias concessionárias de serviços públicos.
A cegueira dos deputados do Amazonas, ou a má fé (o que é mais compreensível), não lhes permite enxergar que está em curso no Brasil uma tentativa pura e simples de destituir uma mandatária do Poder Executivo sem qualquer base legal, sem qualquer crime que merecesse sua deposição. A falácia das pedaladas fiscais soa como piada. Mas o medo do eleitorado ou a má fé faz com que os parlamentares queiram afastar a Presidente da República.
No entanto, o clima acirrado em torno do tema condena qualquer parlamentar que se voltar contra o impeachment. Se assim o fizerem, terão que ter, acima de tudo, coerência política, o que só é compreensível a dois do Amazonas, citados no início: Arthur Bisneto e Pauderney Avelino. O resto, é o resto que não tem qualquer firmeza ideológica para decidir sobre o futuro da Nação.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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Dilma foi destituída sem base legal, Walmir? Claro que havia base legal. Quem decide se há base legal ou crime de responsabilidade é o Senado, depois de um julgamento com rito aprovado pelo STF. Por muito menos o Collor foi cassado.